O Presidente português considerou esta quarta-feira que há “sinais de algum isolacionismo económico, ou, pelo menos, de algum protecionismo económico” da futura administração dos Estados Unidos da América (EUA), que pode afetar o comércio global.

Marcelo Rebelo de Sousa falava na abertura da conferência “Que direção para Portugal e a Europa?”, promovida pelo Jornal de Negócios, no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, numa fase inicial do seu discurso, sobre o contexto europeu e internacional.

“É muito difícil ter posições muito claras relativamente à nova administração norte-americana. Os primeiros sinais são sinais de algum isolacionismo económico, ou pelo menos de algum protecionismo económico”, declarou o chefe de Estado, embora ressalvando que “é cedo para os afirmar”.

Segundo o Presidente da República, “a posição de princípio perante um tratado internacional [de comércio livre entre a União Europeia e os Estados Unidos] laboriosamente construído relativamente à área do Pacífico parece apontar para algum protecionismo económico”.

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“Isso terá consequências no comércio internacional, terá consequências na posição de outras economias dessa área e para além dessa área”, advertiu.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que deseja que os Estados Unidos “continuem atentos ao mundo, empenhados na paz, no desenvolvimento, no comércio”, e “compreendam a importância da União Europeia como um aliado fundamental, nalguns aspetos insubstituível”.

“E que o seu relacionamento privilegiado com o Reino Unido não signifique menor atenção à União Europeia. Isso é o que podemos desejar”, completou.

Sobre a União Europeia, o Presidente da República considerou que vem aí um ano “muito complexo”, com referendos e eleições em “várias das economias fundadoras das comunidades europeias”, que “não são irrelevantes”. Marcelo Rebelo de Sousa mencionou os casos da Itália, dos Países Baixos, da França e da Alemanha.

“E teremos depois esse desafio longo, duradouro e complexo que se chama negociações com o Reino Unido”, assinalou.