Uma antiga apresentadora de televisão holandesa, que se está a candidatar a um lugar de deputada no parlamento da Holanda, teve de passar a ser permanentemente escoltada pela polícia, depois de ser alvo de ameaças racistas. Sylvana Simons, de 45 anos, está há seis meses inscrita na lista de um novo partido que se vai candidatar às próximas eleições, e tem-se dedicado à luta contra o racismo e a xenofobia, o que lhe tem valido uma série de insultos e ameaças, sobretudo nas redes sociais.

O caso mais grave foi a divulgação de um vídeo em que a cara de Sylvana Simons aparece sobreposta a imagens de cadáveres enforcados. Já não seria a primeira vez que eram divulgadas imagens do género, que o partido de Sylvana considerou “asquerosas”. O vídeo foi divulgado na internet e incluía, segundo a BBC, uma canção de fundo que dizia “Oh Sylvana, porque não fazes as malas, porque não emigras”. O autor do vídeo macabro entregou-se agora às autoridades, levando à decisão de colocar Sylvana sob escolta policial.

As ameaças surgiram depois de a apresentadora ter contestado em público o Zwarte Piet (Pedro, o Negro), uma personagem conhecida da tradição holandesa da festa de São Nicolau, de rosto negro, que surgiu na era colonial e que é atualmente controversa por alguns a considerarem parte de uma ideia racista. Apesar de ser uma personagem tradicional, usada pelas famílias para distribuir presentes a crianças sob a condição de se portarem bem, Zwarte Piet também é usado como insulto racista na Holanda.

Sylvana nasceu em 1971 no Suriname, na altura uma colónia da Holanda na América do Sul, é cidadã holandesa e “será protegida de forma visível e também discreta”, lê-se num comunicado oficial do governo citado pelo El País. A mulher tornou-se muito conhecida no país por ter apresentado programas como a versão holandesa de Dança com as estrelas, e decidiu agora juntar-se ao partido Denk (“Pense”).

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