Os níveis elevados de casos de infeção nos hospitais portugueses têm um reflexo negativo no turismo da saúde, indicou à Lusa o presidente da Associação de Técnicos de Engenharia Hospitalar Portugueses (ATEHP) Francisco Brito.

“Há um nuvem negra a ensombrar” a vinda de estrangeiros para certos tratamentos, como as termas e as intervenções cirúrgicas, devido ao facto de Portugal ser considerado o país com maior taxa de infeções hospitalares, apesar de “economicamente mais vantajoso”, indicou.

Este dado, divulgado num relatório do Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças (European Centre for Disease Prevention and Control) – ECDC, em 2013, posiciona Portugal na pior posição, dentro de um conjunto de países avaliados.

Para o presidente da associação, embora este número possa ser relevante para a opinião pública e para as escolhas feitas na área da turismo da saúde, o inquérito que deu origem a estes dados é voluntário, o que pode influenciar os resultados.

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“Em Portugal, por exemplo, responderam 101 hospitais, os quais, para evitar uma amostragem demasiado significativa, foram reduzidos para 57, de modo aleatório”, referiu, acrescentando que há, para outros países, uma taxa de adesão “muito pobre”, dificultando assim a comparação.

Francisco Brito defende que existe “muita dificuldade” em juntar e cruzar informações, mas acredita que esse é o caminho para “baixar os níveis” de infeções, que têm vindo a aumentar de ano para ano.

“Existem dados em termos nacionais mas não conseguimos discriminar exatamente onde estão os problemas e que tipologias de hospitais é que os têm. Há falta de informação”, lamenta, reforçando que “faria todo o sentido que estas avaliações tivessem um caráter obrigatório, porque só conseguimos melhorar se conseguirmos medir”.

Estes depoimentos são avançados pelo presidente na véspera das Jornadas Técnicas, evento que decorre na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), na sexta-feira, com o objetivo de discutir as conclusões dos investigadores sobre o comportamento de ligas metálicas, iões metálicos e óxidos para controlo da contaminação de superfícies em ambiente hospitalar.

Nesta iniciativa vão ser apresentados resultados e possibilidades de aplicação desses materiais, bem como um caso prático de uso de ligas de cobre antimicrobianas num hospital.

Segundo um comunicado daquela instituição de ensino superior, sendo as mãos o meio principal de transmissão da infeção, por contacto com superfícies contaminadas, é sobre estas que grande parte da atenção da engenharia da saúde se concentra, procurando revestimentos ou tratamentos com características bacteriostáticas ou bactericidas.

“Desde a década de 70 que as organizações governamentais têm acompanhado a problemática das infeções associadas aos cuidados de saúde e têm vindo a divulgar uma série de recomendações no sentido de conter as infeções e prevenir a sua transmissão”.

Na Europa, segundo dados dos Inquéritos de Prevalência de Infeção (IPI), a prevalência das IACS oscila entre 5% e 10%, registando-se em Portugal, segundo dados realizados em 2003 e 2009, 8% e 10%, respectivamente, lê-se ainda na nota informativa.

A Jornada Técnica é uma ação conjunta da Associação de Técnicos de Engenharia Hospitalar Portugueses (ATEHP) e da Comissão de Ligação à Indústria da FEUP.