O Governo cubano terá de conceder liberdades fundamentais ao seu povo e dar aos Estados Unidos alguma coisa em retorno, se quiser manter a aproximação iniciada pelo Presidente Barack Obama, defenderam conselheiros do Presidente eleito, Donald Trump.

Os comentários dos conselheiros de topo do multimilionário norte-americano recém-eleito Kellyanne Conway e Reince Priebus surgiram na sequência da morte do histórico líder cubano Fidel Castro, no sábado, aos 90 anos.

O irmão mais novo de Fidel, Raúl Castro, de 85 anos, assumiu o poder na ilha caribenha em 2006 e foi ele quem negociou com Obama o reatamento de relações diplomáticas.

Priebus, que será chefe de gabinete de Trump, disse que o Presidente eleito irá “absolutamente” recuar quanto à abertura de Obama a Cuba a não ser que haja “alguma ação” da parte do Governo cubano.

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“Repressão, abertura de mercados, liberdade de religião, prisioneiros políticos — estas coisas precisam de mudar para que relações abertas e livres, e é nisso que o Presidente eleito Trump acredita e é nesse sentido que seguirá”, disse Priebus ao programa ‘Fox News Sunday’.

Conway, outra conselheira próxima do magnata do imobiliário nova-iorquino, emitiu comentários semelhantes e sublinhou que qualquer acordo diplomático terá de beneficiar os trabalhadores norte-americanos.

“Para que o Presidente Trump possa abrir novas conversações com Cuba, terá de ser uma Cuba muito diferente”, sustentou, em declarações ao programa ‘This Week’, da estação televisiva ABC.

“Ele quer certificar-se de que quando os Estados Unidos da América – quando ele for Presidente -, iniciarem qualquer tipo de relações diplomáticas ou acordos comerciais, nós, norte-americanos, estamos a ser protegidos e nós, norte-americanos, estamos a obter algo em retorno”, acrescentou.

Embora afirmando que nada foi decidido sobre Cuba, Kellyanne Conway observou que os Estados Unidos estão a permitir que a aviação comercial faça negócios com um Governo cubano e um exército cubano repressivos e indicou que a “primeira prioridade” é congregar a comunidade internacional em torno de um esforço para a libertação de presos políticos.

Apesar de Obama ter aberto a Cuba algum investimento norte-americano e viagens, através de ordens executivas, mantêm-se vastas restrições ligadas ao embargo comercial, por insistência dos legisladores republicanos.

O senador republicano Marco Rubio, da Florisa, cujos pais nasceram em Cuba, disse estar animado devido ao historial de discurso radical de Trump em relação a Cuba.

Rubio disse ao programa ‘State of the Union’, da estação televisiva CNN, que os Estados Unidos devem concentrar-se na sua própria segurança e noutros interesses e no encorajamento de uma democracia em Cuba.

“Deveríamos analisar a nossa política em relação a Cuba por esse prisma, e se há uma política que ajuda a isso, ela mantém-se, se houver uma política que não ajuda, ela é afastada”, defendeu.

Durante a campanha, Trump afirmou que inverteria as “concessões” ao regime cubano feitas por Obama a não ser que o Governo de Raúl Castro cumprisse as suas exigências.

No sábado, enquanto Obama enviou condolências à família Castro e disse que os Estados Unidos estendem “uma mão amiga ao povo cubano”, Trump tweetou: “Fidel Castro morreu!”.

Mais tarde, Trump divulgou um comunicado frisando que o seu Governo “fará tudo o que puder para garantir que o povo cubano poderá finalmente iniciar a sua viagem em direção à prosperidade e à liberdade”.