Um juiz de Barcelona emitiu uma ordem europeia de detenção contra um milionário ucraniano que teve negócios com um dos elementos que fez parte da campanha de Donald Trump.
Segundo o jornal espanhol ABC, a ordem de detenção contra Dmitir Firtash foi emitida pela unidade espanhola contra a corrupção e o crime organizado e surge na sequência de suspeitas de ligações estreitas entre o oligarca da Ucrânia e o crime organizado. Firtash é acusado de ter usado Espanha para branquear dez milhões de euros que terão tido origem em atividades criminosas.
O multimilionário, considerado um dos homens influentes da Ucrânia, manteve no passado ligações comerciais com um colaborador chave da campanha presidencial de Donald Trump que foi seu porta-voz. Estas relações terão estado na origem do afastamento de Paul Manafort, um dos homens de confiança do então candidato republicano, em agosto passado.

Paul Manafort demitiu-se da campanha de Donald Trump em agosto.
Manafort demitiu-se do cargo de porta-voz, três meses antes das eleições quando o milionário já tinha sido nomeado o candidato republicano e sob a pressão gerada pelas atividades de lobby que desenvolveu no passado a favor de oligarcas ucranianos pró-russos. A Ucrânia mantém um conflito com a Rússia de Vladimir Putin, em relação à qual Trump tem tido um discurso de desanuviamento. As “ligações perigosas” de Paul Manafort com milionários considerados próximos da máfia russa e de Vladimir Putin tornaram-se tóxicas para a campanha do candidato que anunciava ser independente de interesses financeiros.
O ucraniano Dmitri Firtash chegou a ser detido na Áustria, em resultado de uma investigação do FBI que o visava por atividades de corrupção na Índia, mas acabou por ser libertado em troca de uma caução de 125 milhões de euros, a mais alta de sempre fixada no país e que foi paga logo no dia seguinte.
As autoridades judiciais austríacas recusaram o pedido de extradição feito pelos Estados Unidos, argumentando que as provas não eram suficientes. É no quadro desta investigação que surge a ordem de prisão emitida pelas autoridades espanholas que realizaram ainda cinco detenções em Marbella e Barcelona relacionadas com a alegada rede de branqueamento de capitais associada ao milionário ucraniano que envolve contas bancárias em Espanha e movimentos financeiros suspeitos entre pessoas e sociedades.
A operação judicial é já considerada uma das mais importantes promovidas em Espanha contra as máfias com origem na antiga União Soviética.