O BCE está preparado para intensificar temporariamente as compras de dívida italiana se o referendo do próximo domingo rejeitar as alterações constitucionais propostas pelo governo de Matteo Renzi. Se houver uma vitória do Não, é provável que se entre num período de incerteza política e o governo pode cair numa altura em que o movimento eurocético Cinco Estrelas está em boa posição nas sondagens. Para conter a provável instabilidade nos mercados, o BCE vai entrar em cena com mais compras de dívida italiana, disseram quatro fontes do banco central à Reuters.
Um cenário de incerteza após o referendo significaria que muitos investidores iriam ao mercado tentar vender as obrigações do Tesouro italianas. Se houver muitos mais vendedores do que compradores, é certo que os títulos irão desvalorizar-se de forma acentuada (o que se traduziria num aumento dos juros implícitos). Daí que, segundo as fontes citadas pela Reuters, o BCE deverá apresentar-se como comprador de dívida italiana e irá varrer muitos títulos que sejam colocados à venda.
O Conselho do BCE entende que existe algum espaço para ajudar Itália, que será usado, se for necessário. O programa de compra de ativos tem uma flexibilidade inerente”, disse uma das fontes citadas pela agência noticiosa.
A subida dos juros de Itália nos últimos dias, e sobretudo a queda das ações dos bancos italianos, tem sido um sinal da instabilidade que aí poderá vir caso o Não vença e o governo de Matteo Renzi fique em causa. O BCE já tem comprado dívida de Itália, e de todos os países da zona euro, ao abrigo do programa inédito de compra de obrigações, mas está disposto a reforçar as compras para estancar uma eventual hemorragia nos mercados que os analistas têm dito que acontecerá se houver receios de crise política em Itália.
O Observador antecipou o referendo italiano deste domingo, 4 de dezembro, no texto Italexit? Ponha o cinto para (mais um) referendo decisivo.