Momentos antes de se despenhar em território colombiano, o piloto do voo Lamia 933 alertou a torre de controlo para a falta de combustível do aparelho. Momentos depois, houve uma falha elétrica a bordo e, logo a seguir, o desastre.

As últimas comunicações com a torre de controlo do aeroporto de Rionegro, em Medelin, foram divulgadas por vários meios de comunicação colombianos.

As transcrições publicadas dão conta da situação a bordo:

Piloto: Senhora, o Lamia 933 está em falha total, falha elétrica total, sem combustível

Torre de controlo: Pista livre e esperando chuva sobre a superficie, Lamia 933, bombeiros alerta

Piloto: Vetores, senhora, vetores na pista

Torre de controlo: O senhor radar perdeu-se, não tenho sinal, notifique rumo agora

Piloto: Estamos no rumo 3-6-0, com rumo 3-6-0

Torre de controlo: Vire à esquerda 0-1-0, proceder ao localizar Rionegro uma milha à frente de Bora (…) confirmo pela esquerda com rumo 3-5-0

Piloto: À esquerda 3-5-0, senhora

Torre de controlo: Sim, correto, está a uma milha de Rionegro

Torre de controlo: Não tenho altitude, Lamia 933

Piloto: 9 mil pés, senhora

Piloto: Vetores, vetores

Torre de controlo: Está a 8.2 milhas da pista

Torre de controlo: Que altitude tem agora?

Torre de controlo: Posição, Lamia 933?

Não houve mais respostas do piloto do Lamia 933 à torre de controlo de Medelín.

https://soundcloud.com/bluradio/audio-revela-dramatica-conversacion-entre-torre-de-control-y-avion-de-chapecoense

Na gravação, Miguel Quiroga pediu várias vezes para lhe indicarem “vetores na pista”, ou seja, orientações para aproximar-se o mais rápido possível do aeroporto.

No início da gravação ouve-se que a controladora do turno estava a dar prioridade a outro aparelho da empresa Viva Colombia, que tinha um problema por “uma fuga”.

Quando o piloto da aeronave da Lamia a informou da gravidade da sua situação, a controladora desviou outros dois aviões comerciais que estavam a aproximar-se do aeroporto, para que o avião em que seguia a equipa da Chapecoense pudesse aterrar.

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Pilotos colombianos que voavam para Medelin àquela hora e que escutaram nas suas frequências de rádio a conversa relataram que, efetivamente, o piloto da Lamia informou a torre de problemas elétricos e de combustível.

Pouco antes de perder o contacto, a controladora disse-lhe que o avião não tinha a altitude necessária, respondendo o piloto que se encontrava a 9 mil pés (quase três mil metros).

Segundo peritos consultados por vários meios de informação colombianos, essa altitude é insuficiente para passar o Cerro Gordo, perto do aeroporto e contra o qual o avião colidiu, a apenas 17 quilómetros da pista.

A bordo do avião seguiam 77 pessoas, entre passageiros e tripulantes, e 71 morreram no acidente. No voo seguiam 22 jornalistas, dos quais apenas um sobreviveu.

Entre os seis sobreviventes, dois jogadores da Chapecoense permanecem em estado crítico, mas estável, indicou hoje um relatório médico.

O clube do Estado de Santa Catarina ia disputar a primeira mão da final da Taça Sul-Americana com os colombianos do Atlético Nacional.

O avião tinha saído do aeroporto Viru Viru, de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde aparentemente tinha realizado uma escala técnica.