Francisco Louçã considera que o processo da Caixa Geral de Depósitos deixou claras duas coisas: que o Governo socialista “não deve contar com seguidismo” dos partidos que o apoiam nas decisões sobre a banca e que “os novos acordos nesta área têm de ser construídos na CGD, no banco mau, no futuro do Novo Banco, na resposta ao aumento dos juros externos e na gestão do sistema bancário”.

Num artigo de opinião que escreveu para o jornal Público, o ex-líder do Bloco de Esquerda dedica-se à análise da novela sobre a equipa de gestão da Caixa Geral de Depósitos — que se demitiu no domingo passado — e, no último parágrafo, deixa avisos em forma de conclusão de todo o caso:

Este processo teve ainda uma outra vantagem: provou que o Governo tem que preparar as decisões sobre a banca com cuidado e que não deve contar com seguidismo. Elas não estão abrangidas pelos compromissos da maioria e por isso os novos acordos nesta área têm que ser construídos, na CGD, no banco mau, no futuro do Novo Banco, na resposta ao aumento dos juros externos e na gestão do sistema bancário”.

Esta não é a primeira vez que se fala na necessidade de estabelecer novos acordos entre PS e Bloco de Esquerda (um dos partidos que apoia o Governo socialista no Parlamento), já Marisa Matias tinha falado no início do mês de novembro em “repensar” o acordo. Agora é a vez de Louçã dar quase o assunto como dado adquirido e acrescentando mesmo que essa revisão de posições conjuntas tem de ser feita pensar nas questões relacionadas com o sistema bancário nacional.

Na semana passada, no Parlamento, o Bloco de Esquerda foi, ao lado do PSD, o partido que fez aprovar um projeto a clarificar que os novos gestores da Caixa Geral de Depósitos estavam mesmo obrigados a entregar no Tribunal Constitucional as duas declarações de património e rendimentos. Uma questão polémica nas últimas semanas, depois de o Governo ter alterado o estatuto do gestor público para permitir excecionar a Caixa dos limites salariais a que estariam sujeitos os seus gestores. Pelo meio, BE e PSD uniram-se na aprovação da proposta de alteração ao Orçamento feita pelos sociais-democratas e colocar uma pressão adicional sobre a equipa de António Domingues na Caixa. Aliás, terá sido na sequência dessa decisão que o presidente do banco público resolveu sair.

Quanto ao desfecho para Domingues na Caixa, Louçã considera que “para o Governo, esta é agora a menos má das soluções e, portanto, quanto mais depressa melhor. Venha agora uma administração tranquila”, remata.

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