Há escalas incompletas em alguns hospitais para um dos meses mais críticos do ano, dezembro, o que ameaça as escalas das urgências e também a qualidade dos serviços de especialidade. A notícia é avançada na edição desta quarta-feira do Diário de Notícias que cita responsáveis das secções regionais da Ordem dos Médicos do Norte, Centro e Sul do país. Questionado pelo Observador, fonte oficial do Ministério da Saúde desdramatiza a situação.

“O Ministério da Saúde reforça a confiança no trabalho das Administrações Regionais de Saúde e dos serviços de saúde, não existindo motivos para preocupação”, afirma fonte oficial do Ministério de Adalberto Campos Fernandes, acrescentando que “o planeamento foi realizado existindo planos de contingência e gestão partilhada de recursos”.

Ao DN, o presidente da secção do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, denuncia, porém, “escalas vazias” e outras “cheias de faltas”. “A maioria dos hospitais vai ter problemas em fazer as escalas das urgências. Só espero que não caiam na tentação ilegal de colocar no lugar de um especialista médicos em formação. É contra todas as regras da Ordem”, acrescenta ainda Carlos Cortes, que critica a falta de uma solução atempada para os hospitais e que diz que agora “tudo vai depender do pico da gripe”.

A Norte, a descrição é de “hospitais em que a situação é de rutura”. Miguel Guimarães, presidente da secção da região Norte da Ordem, afirma que não há “radiologia a partir da meia-noite em presença. Dermatologia, anestesiologia, radiologia, medicina interna são especialidades em falta em alguns serviços”. “Os hospitais estão com muita dificuldade em organizar escalas e assegurar as urgências”. Também no Sul, o presidente regional Jaime Mendes adianta que “dezembro é o mês pior e com maiores probabilidades de rutura. Temos diretores de serviço a pedir a hipótese de terem internos do quinto e sexto anos a ficarem sozinhos. “.

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Uma das possibilidades é a o contratação de empresas, para completar as falhas, e nesses casos os pagamentos definidos na lei são de 25 euros, para não especialistas, e 30 euros, para especialistas, à hora. E em situações mais críticas o valor pode ser duplicado.

Ao mesmo jornal, o secretário de Estado da Adjunto da Saúde, Fernando Araújo, frisou que a maior preocupação não são tanto as escalas de Natal e final de ano, mas a gripe. “A questão do vírus ser mais agressivo está a levantar-nos algumas questões e estamos a tentar adequar o plano de inverno a esse fim, porque poderá implicar mais internamentos nomeadamente em áreas intermédias e intensivos. É o que nos preocupa, mais do que a própria passagem de ano ou os turnos aí alocados.”

Contudo, sublinha o secretário de Estado, “poderá acontecer, à semelhança de 2016, que o pico não seja no final do ano”. “O que nos poderá ajudar a todos a passar essa altura com mais tranquilidade.”