O artista Alexandre Farto, conhecido como Vhils, inaugura a 09 de dezembro o seu primeiro trabalho em Macau, um mural nos jardins do Consulado de Portugal naquela região administrativa especial da China, que teve administração portuguesa até 1999. O mural resulta de uma parceria entre o Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong e a Casa de Portugal em Macau.

“É uma parceria pensada em conjunto para dar a oportunidade a que o território ficasse com uma obra de um artista de renome mundial”, disse esta quarta-feira à agência Lusa a presidente da Casa de Portugal em Macau, Amélia António, sublinhando que a entidade que dirige tem entre as suas missões a divulgação da cultura portuguesa e que o mural de Vhils poderá ser apreciado pela comunidade local e pelos milhões de turistas que todos os anos visitam a cidade.

Também o cônsul Vítor Sereno destacou que o trabalho de Vhils é “reconhecido mundialmente” e considerou que é um exemplo de que “há um Portugal moderno, competitivo, parceiro estratégico para bons investimentos”.

“Com uma obra de grande valor e simbolismo damos assim também, em paralelo, um singelo contributo para a ‘diversificação’ [económica de Macau] pedida pelos Governos central [China] e desta Região Administrativa Especial, criando um elemento adicional de atratividade artística para Macau”, acrescentou.

Segundo o cônsul, o mural “dá corpo a uma ideia que se começou a desenhar há cerca de ano e meio” no ateliê de Vhils em Hong Kong e além de esta ser a primeira obra do artista em Macau, “é também a primeira numa representação diplomática portuguesa”.

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Alexandre Farto nasceu em Lisboa, em 1987 e terminou os seus estudos de Arte em 2008, em Londres. Vhils cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos. Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo.

Em 2014, inaugurou a primeira grande exposição em Portugal, o Museu da Eletricidade, em Lisboa. “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses. Esse ano ficaria também marcado pela colaboração com a banda irlandesa U2, para a qual criou um vídeo incluído no projeto visual “Films of Innocence” e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”. Em 2015, o trabalho de Vhils chegou ao espaço, à Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes.

No passado mês de março, inaugurou a primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, no topo do Pier 4 (Cais 4). Paralelamente ao desenvolvimento da sua carreira criou, com a francesa Pauline Foessel, a plataforma Underdogs, projeto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, em Lisboa.

Este ano, recebeu o prémio personalidade do ano da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.