A aliança opositora venezuelana Mesa de Unidade Democrática (MUD) anunciou, esta quinta-feira, que, se até 6 de dezembro, o Governo do Presidente Nicolás Maduro não cumprir com os acordos atingidos, abandonará o diálogo.

“O Governo deve cumprir com os compromissos que assumiu (…). Até que isso ocorra, a MUD reverá a sua presença na mesa de diálogo em termos que anunciaremos publicamente a 06 de dezembro. Só quando o Governo der sinais claros de cumprimentos dos compromissos retomaremos plenamente a nossa participação na mesa de diálogo”, afirma o movimento.

O anúncio foi feito através de um comunicado dirigido ao representante do Vaticano, Monsenhor Cláudio Maria Celli, aos ex-presidentes José Luís Rodríguez Zapatero, Leonel Fernández e Martín Torrijos, e à União de Nações da América do Sul (Unasul).

Segundo o documento, a Venezuela vive “momentos terríveis”, com “o povo cada vez mais pobre devido à destruição da moeda e de toda a economia, consequência de um modelo gerador de miséria e da atuação de um regime ineficiente e corrupto”.

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“Enquanto isso ocorre, o processo de busca de soluções através do diálogo encontra-se comprometido pelo incumprimento do Governo dos acordos conseguidos nas reuniões da mesa de diálogo”, afirma.

Segundo a MUD, na Venezuela “não haverá solução para o problema da fome crescente, nem a nenhum outro, até que haja uma solução eleitoral que permita ao país dotar-se democraticamente de um novo Governo”.

No documento, a MUD diz que cumpriu o que prometeu: “suspender ações de rua e modificar a agenda parlamentar, adiando a avaliação da responsabilidade política” de Nicolás Maduro e desincorporando três deputados de Amazonas cujas eleições foram questionadas.

“Mas, o Governo não cumpriu, pelo que exigimos que cumpra os seus compromissos sem maior dilação. Neste sentido é necessário que antes da próxima sessão da mesa de diálogo, programada para 06 de dezembro, hajam sinais claros de avanço no comprimento”, afirma.

Entre as exigências da MUD, está que o Supremo Tribunal de Justiça restitua as competências constitucionais do parlamento, deixando sem efeito a condição de “falso desacato”.

Também, a designação de novos reitores para o Conselho Nacional Eleitoral, a liberdade para os presos políticos, a instalação de uma comissão da verdade, a abertura de um canal humanitário e a posta em marcha de mecanismos transparentes para a importação e distribuição de alimentos, medicamentos e materiais médicos, assim como sejam convocadas eleições legislativas no Estado de Amazonas.

No dia 30 de outubro passado, o Governo e a oposição iniciaram um diálogo, sob a mediação do Vaticano e da Unasul, que terminou com a decisão de ambas partes de instalar quatro mesas de negociação.

A 1 de novembro, o parlamento, onde a oposição detém a maioria, adiou “por alguns dias” um debate para determinar a responsabilidade política do Presidente Nicolas Maduro, acusado da “rutura da ordem constitucional” no país, na sequência de um pedido feito pelo Vaticano.

A 12 de novembro, o Governo venezuelano e a oposição acordaram trabalhar conjuntamente para a recuperação da economia e o combate à insegurança, tendo agendado nova reunião de diálogo para 6 de dezembro.

Decidiram ainda “baixar o tom” dos discursos e promover a paz com base no reconhecimento e respeito mútuo. Foram ainda definidos objetivos para normalizar o respeito entre os diferentes poderes e para normalizar o abastecimento de alimentos e medicamentos à população.