A vitória dos Liberais Democratas, a quarta força política do Reino Unido, na eleição intercalar do círculo eleitoral de Richmond Park, em Londres, esta quinta-feira, pode “assustar os Conservadores” no que diz respeito ao Brexit, defende o líder do partido, Tim Farron. A candidata liberal democrata, Sarah Olney, tirou o lugar a Zac Goldsmith e já anunciou que vai “obviamente votar para manter [o Reino Unido na União Europeia]”, quando ocupar o seu lugar na Câmara dos Comuns.
A necessidade desta by-election (eleição intercalar motivada pela resignação do ocupante de um cargo) surgiu depois de Zac Goldsmith, o deputado pelo círculo eleitoral de Richmond Park, se ter demitido em outubro. Goldsmith, que também se candidatou pelo Partido Conservador ao lugar de mayor de Londres, perdendo para Sadiq Khan, estava contra um plano de expansão do aeroporto de Heathrow, ameaçando demitir-se caso o projeto avançasse.
Quando a primeira-ministra, Theresa May, anunciou a construção de uma terceira pista no aeroporto, Goldsmith resignou. “Foi uma promessa que fiz e que mantive”, vincou, citado pelo The Independent. A resignação motivou a que se convocasse a by-election, a que Zac Goldsmith se recandidatou, contra Sarah Olney, dos Liberais Democratas.
Olney acabou, surpreendentemente, por vencer a eleição, com 49,68% dos votos, contra 45,15% de Goldsmith. Com este resultado os Liberais Democratas têm novamente motivos para festejar, depois de, em 2015, terem tido o pior resultado de sempre em eleições gerais. O partido chegou a fazer parte do governo entre 2010 e 2015, em coligação com os Conservadores, mas quando o partido de David Cameron garantiu a maioria absoluta, em 2015, deixou de precisar do apoio dos Liberais Democratas.
A eleição de Olney está a ser entendida como uma vitória para os opositores do Brexit, que ganham mais um voto no parlamento contra a saída do Reino Unido da UE. O líder do partido, Tim Farron, já veio dizer que “a mensagem clara: Os Liberais Democratas estão de volta”, acrescentando: “Somos o único partido a lutar por manter o Reino Unido aberto, tolerante e unido, e o único partido que diz, alto e com orgulho, que queremos que o Reino Unido permaneça no Mercado Comum, e que queremos dar às pessoas a última palavra sobre o acordo do Brexit”.
Também Nick Clegg, deputado Liberal Democrata que foi vice-primeiro-ministro de Cameron durante a coligação com os Conservadores, sublinhou que a vitória de Sarah Olney “mostra que os brexiteers [apoiantes do Brexit] mais convictos têm de pensar novamente”.
A fantastic win for @sarahjolney1 @LibDems in #RichmondPark. This shows the hard Brexiteers that they need to think again. #LibDemFightback
— Nick Clegg (@nickclegg) December 2, 2016
Do lado do Partido Conservador, que acaba por sair derrotado desta eleição intercalar, o deputado Jacob Rees-Mogg já veio dizer que a existência de mais um deputado Liberal Democrata no parlamento não irá representar uma grande mudança política. Além disso, o representante conservador sublinhou, referido pelo The Guardian, que “é uma vergonha que Zac Goldsmith já não esteja no parlamento”. Rees-Mogg sublinhou ainda que a exigência dos Liberais Democratas — a promoção de um novo referendo sobre o Brexit — seria pouco democrática.
Quem saiu mal desta eleição extraordinária foi o Partido Trabalhista, de Jeremy Corbyn, que teve um resultado tão mau que até perdeu a caução, explica o Business Insider. Isto porque a lei britânica obriga todos os candidatos a deputado num círculo eleitoral a pagar uma caução de 500 libras (cerca de 590 euros), que é devolvida caso o deputado obtenha um resultado superior a 5%. Os Trabalhistas só tiveram 3,7% dos votos — pouco mais de 1.500 votos