Adquirida em Agosto passado pela Uber, por cerca de 640 milhões de euros, a Otto é uma startup tecnológica norte-americana, essencialmente dedicada ao desenvolvimento de sistemas de condução autónoma. Ganhou projecção mediática quando, em Maio passado, publicou no YouTube um vídeo em que exibia o seu camião de testes Volvo a circular sem condutor numa auto-estrada do estado do Nevada, a que seguiu um outro, lançado em Outubro, em que esse mesmo reboque aparecia a circular, já no estado do Colorado, com um atrelado carregado com 50 mil latas de cerveja Budweiser – desta vez com condutor a bordo, mas vendo-se que este, a dado momento, abandona o seu posto e dirige-se à parte de trás da cabine.

Ambas as situações configuram, em teoria, uma infracção. Por exemplo, desde 2013 que o Nevada permite o teste de veículos autónomos nas suas estradas, mas a sua autoridade de trânsito (DMV) estabeleceu que, para tal, a empresa que o pretenda fazer terá de entregar um pedido de autorização, pagar uma caução no valor de 5 milhões de dólares (cerca de 4,7 milhões de euros) e fazer prova de que o veículo em questão já percorreu, pelo menos 16 mil quilómetros em testes antes de aceder à via pública. Durante o teste, o veículo tem de montar uma placa de matrícula específica, de cor vermelha, e ter sempre um condutor atrás do volante.

Ora, para além do óbvio (o camião, no primeiro vídeo, não tinha ninguém a bordo), sabe-se agora que a Otto não terá entregue qualquer documentação no DMV relativa a este teste, tendo-se limitado a informar o organismo que o mesmo iria decorrer. Não obstante, parece pouco provável que a empresa venha a ser penalizada por esta infracção, já que a regulamentação existente define quais as obrigações a cumprir, mas não estabelece quaisquer penas para a respectiva violação.

Na perspectiva do DMV do Nevada, tudo se deve a uma má interpretação da lei, pelo que já em 2017 serão introduzidas novas regras para este efeito, incluindo sanções, que poderão até passar por multas e apreensão de veículos. De recordar que o sistema de condução autónoma da empresa californiana inclui hardware no valor de cerca de 30 mil dólares (incluindo sensores de LiDAR, radar e outros, e câmaras de vídeo), assim como o software que lhe está associado, podendo ser montado a posteriori em qualquer camião compatível.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR