Slats, Jackie, Telly, Coffee, Tanner, George e Leo. Os sete magníficos, eis os sete leões da Metro-Goldwyn-Mayer. Eles rugem, com cara de maus, e o pessoal assusta-se. Aquilo é barra pesada. No nosso campeonato, é a mesma história: os leões rugem que se fartam e assustam a malta. Sejam eles quem forem. Ai chama-se Benfica e ainda não tem uma única derrota na 1.ª divisão 2016-17? Pois bem, o leão do Marítimo abre a boca e mastiga a invencibilidade como se nada fosse. Próximo, se faz favor. Ai chama-se Vitória e vai todo lampeiro a Alvalade? Muito bem, o leão do Sporting solta o rugido e abocanha os três pontos de uma dentada só.

mgm

A exibição sportinguista é esclarecedora, com um vendaval de futebol ofensivo e uma mão cheia de oportunidades, a primeira das quais aos 23 segundos. Sim, s-e-g-u-n-d-o-s. E, atenção, a bola até sai do Vitória. A recuperação é imediata. Gelson desce pelo lado direito com a leveza e rapidez que lhe é reconhecida. O cruzamento rasteiro é bom e a ele corresponde Bas Dost com um pontapé de primeira. Bruno Varela repele a bola com o pé.

O tempo passa e a pressão do Sporting sufoca o Vitória, sem capacidade sequer para trocar meio passe seguido no meio-campo contrário. Aos seis minutos, Bruno Varela volta a tocar na bola, com o peito, para afastar um belo remate de Adrien à entrada da área. O respectivo canto é marcado curto, como se pede (um estudo recente diz que só 2% – sim, d-o-i-s por cento – dos cantos dos oito principal campeonatos da Europa resultam em golo). A bola vai parar ao inevitável Gelson e o cruzamento aéreo apanha William em grande estilo. Bruno Varela sai-se mal, bastante mal e o Sporting marca o primeiro golo da noite. Para William, é o segundo golo em 2016-17 e o segundo de cabeça (o outro é ao serviço da selecção, vs. Letónia, no Faro/Loulé, em Novembro).

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Em desvantagem, o Vitória continua desaparecido em campo. Nem parece a equipa que rouba dois pontos ao Benfica na Luz, em Agosto (1-1). Nem aquela que impede o golo do Porto, no Bonfim, há um mês (0-0). O Vitória desta noite é uma mistura de jogadores desnorteados, sem eira nem beira. Disso se aproveita o organizado e eléctrico Sporting para atacar, atacar, atacar e atacar. Só à conta de Bas Dost, há duas oportunidades perdidas. Aos 33 minutos, mais um remate de Adrien é afastado para canto por Bruno Varela. Na sequência, Bas Dost cabeceia para a baliza. É golo por um segundo e pouco. O assistente Tiago Costa vê infracção do holandês e o banco do Sporting levanta-se. Literal e metaforicamente. Os protestos invadem o relvado. Pausa. Play, outra vez.

Passam-se só três minutos e há falta sobre Gelson, ali na direita. É livre directo, à entrada da área. Adrien e Bruno César cochicham ao ouvido um do outro. No momento da verdade, Bruno Varela dá um passo em frente e o remate em arco do brasileiro entra no poste mais distante, cheio de colocação. Curiosamente, o último golo do Sporting de livre directo para o campeonato é frente ao Vitória FC, em Maio 2016, através de Bryan Ruiz (dessa vez, a bola sai rasteira, por baixo da barreira, e é como um golpe de rins ao guarda-redes Ricardo). O livre de Bruno César é mais artistico. É um golo de bandeira e há festejos de todo o tipo. Os eufóricos, como quase todos, os de homenagem, como o de Bruno César (a exibir o patrocínio da Chapecoense nas camisolas sportinguistas), e os exagerados, como o de Jesus a mexer os braços e a dizer repetidamente ‘não vale’ em resposta ainda ao golo mal anulado a Bas Dost.

Adiante. O Vitória não sai da cepa torta e vai acabar a primeira parte sem um remate à baliza de Patrício, enquanto o Sporting faz o sétimo e último da noite, por Bruno César, na sequência de uma belíssima jogada de entendimento entre Gelson e João Pereira. O brasileiro, herói do 2-0, falha o terceiro por centímetros. A segunda parte é menos interessante, muito menos. Há um golo bem anulado aos 55′, por falta de Coates, e ainda há uma boa defesa de Patrício a cabeceamento de Vasco Santos (61′) antes da dança das substituições. Daí para a frente, só um lance digno de registo, aos 88′, num lance bem desenhado por Campbell e prosseguido por Markovic até ao corte in extremis de Pedro Pinto. O 2-0 final é lisonjeiro para o Vitória, numa noite em que o Sporting ruge bem alto, como um leão da MGM, e assusta o líder Benfica, a oito dias da visita à Luz.

Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Rui Costa (Porto)
SPORTING: Rui Patrício; João Pereira, Coates, Semedo e Marvin; William; Gelson (Markovic, 86′), Adrien (Elias, 75′) e Bruno César (Campbell, 70′); Bryan e Bas Dost
Treinador: Jorge Jesus (português)
VITÓRIA FC: Bruno Varela; Vasco Fernandes, Venâncio, Fábio Cardoso e Pedro Pinto; Costinha, Mikel e João Amaral; André Claro (Edinho, 80′), Vasco Costa (Thiago Santana, 65′) e Nuno Santos (Arnold, 68′)
Treinador: José Couceiro (português)
Marcadores: 1-0, William (7′); 2-0, Bruno César (36′)