O famoso plano “Push to Pass” do português Carlos Tavares, CEO do Grupo PSA, tem como uma das principais premissas garantir que o construtor francês consegue, nos próximos anos, reduzir significativamente a sua dependência do mercado europeu, naturalmente através do aumento a sua presença noutros pontos do globo. Reflexo disso mesmo é o recente anúncio da construção de uma nova fábrica em Marrocos, a inaugurar em 2019, para a produção de berlinas da Citroën e da Peugeot, a intenção de produzir automóveis na Argélia com um parceiro local e o restabelecimento da produção no Irão, após o levantamento das sanções.

Todas estas medidas integram o objectivo estipulado pelo gestor luso, de fazer crescer as vendas da PSA na região do norte de África e Médio Oriente para 700 mil unidades/ano a partir de 2021. A que se junta uma outra, acabada de revelar: a abertura de mais uma nova unidade fabril, desta feita na Tunísia, onde a partir de 2018 será produzida uma pick-up da Peugeot, em parceria com a Stafim, seu parceiro de longa data naquele país.

Desenganem-se, todavia, os que aqui podiam antever que o modelo a produzir na Tunísia seja a resposta da PSA ao aumento da procura por pick-ups em diversos mercados mais “maduros”, nomeadamente na Europa. Por um lado, porque a própria empresa, sem revelar quaisquer outros detalhes acerca do mesmo, adianta que o veículo se destina a satisfazer a procura do mercado local. Por outro, porque a capacidade de produção da nova fábrica será de umas relativamente modestas 600 unidades/ano em 2018, devendo crescer, progressivamente, até às 1200 unidades em 2020.

Quanto à nova pick-up com uma tonelada de capacidade de carga, que Carlos Tavares anunciou em Abril seria introduzida no mercado pela PSA, nada de novo foi adiantado desde então. Os mais recentes rumores, assentes no facto de que as duas empresas já colaboram na produção de veículos comerciais, apontam para que o modelo possa ter por base a Toyota Hilux, que assim passaria a dispor de uma versão destinada à Peugeot, mas nada mais, até ao momento, corrobora essa informação.

Já no que diz respeito à aposta da PSA no norte de África, de realçar que não é inédita, sendo já vários os construtores de automóveis que adoptaram semelhante estratégia, na expectativa – criada pelos analistas do sector – de que as vendas na região crescerão rapidamente nos próximos tempos, em consequência do desenvolvimento e do aumento do poder de compra. A tudo isto urge aliar os baixos custos de operação e o potencial de exportação para a Europa, devido à proximidade em relação ao continente europeu.

Assim, além da PSA, a Renault (que já tem duas fábricas em Marrocos e inaugurou uma na Argélia em 2014) e o Grupo VW (que formou recentemente uma joint-venture com a Sovac para produzir também na Argélia) são outros dos nomes que estão na linha a frente para tirar partido do potencial de vendas em África e no Médio Oriente, que se espera que ronde os 8 milhões de automóveis/ano em 2025, contra os 5,3 milhões registados em 2015.

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