“Sim, sou candidato à Presidência da República francesa”, afirmou o ainda primeiro-ministro francês, esta segunda-feira, em Paris. A partir de amanhã, terça-feira, deixa o cargo.”Nunca cedi à tentação do individualismo, de deixar o coletivo. Não. O serviço pela França é maior do que tudo isso e chegou a hora de ir mais longe neste meu empenho”, afirmou.

Manuel Valls explicou que é candidato à presidência porque “a França deve por toda a sua força num mundo que já não tem anda a ver com o que era”, referindo-se à “ameaça terrorista”, “aos efeitos da globalização”, “ao enfraquecimento da Europa”, entre outras ameaças que envolvem a extrema direita. Porque quer combater a “América de Donald Trump” ou a Turquia de Erdogan.

“Não quero que a França volte a viver o trauma de 20o2, quando teve a extrema direita na segunda volta das presidenciais”, afirmou, sublinhando que o que o move é “lutar contra a direita”, porque não quer que as crianças tenham menos professores, que “tirem a segurança social”, “que os idosos tenham menos proteção”, entre outros.

“Estou revoltado com a ideia de a esquerda se desclassificar da corrida presidencial. Há uma divisão da esquerda, mas até quando temos de sofrer este espetáculo? Há uma exigência de união e há o desejo de nos encontrarmos”, afirmou.

Referindo que sempre assumiu as “decisões coletivas”, porque é esse o “espírito da esquerda”, Valls apelou à união entre os eleitores. “Somos diferentes, mas estamos juntos. Todos temos de fazer um esforço. Tenho de ir mais longe e a minha candidatura é a de reconciliação”, afirmou, acrescentando que a sua responsabilidade é a de reunir.

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“Convido todos os homens e mulheres de esquerda, os progressistas e todos os que recusam a extrema direita para se mobilizarem em grande número. A esquerda é grande, é bela. A França precisa da esquerda”, disse.

Manuel Valls à frente em sondagem

A candidatura de Manuel Valls foi anunciada quatro dias depois de François Hollande ter anunciado que não se iria recandidatar à presidência francesa. O candidato da direita francesa já é conhecido: é François Fillon, que já venceu as primárias do Partido Republicano. As da esquerda francesa só ocorrem em janeiro.

No domingo, a Bloomberg avançou que quase metade (45%) do eleitorado de esquerda francês quer que Manuel Valls seja candidato à presidência do país. Já 25% prefere ver o antigo ministro da Economia, Arnaud Montebourg, a representar a corrida da esquerda à presidência e 14% elege o ex-ministro da Educação, Benoit Hamon.

Se houver um confronto direto entre Valls e Montebourg, o primeiro-ministro ganha com 51% dos votos, de acordo com a sondagem que envolveu 542 pessoas que afirmam votar em partidos de esquerda.

O anúncio de que François Hollande não iria recandidatar-se às eleições presidenciais de abril chegou a 1 de dezembro, depois de François Fillon ter derrubado Alain Juppé na segunda volta das primárias de centro-direita. Até agora, são oficiais as candidaturas do ex-ministro da Economia francês, Emmanuel Macron, e da líder da Frente Nacional, Marine Le Pen.

Ao avançar com a candidatura, Manuel Valls terá de abandonar as suas funções enquanto primeiro-ministro. Entre os nomes falados para a sucessão, está o do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que segundo o Le Figaro é visto como um leal do presidente francês, e ainda os ministros da Defesa, Agricultura, Saúde e Educação.