Marcelo Rebelo de Sousa usou uma imagem bíblica para demonstrar a confiança que tem em Paulo Macedo como substituto de António Domingues à frente da Caixa Geral de Depósitos. Segundo o Expresso, o Presidente da República citou o episódio das Bodas de Caná para dizer que “o segundo vinho é o melhor”, durante um jantar com jornalistas estrangeiros, oferecido por Marcelo no Palácio de Belém.

O episódio citado pelo Presidente relata como, segundo a tradição católica, Jesus transformou água em vinho durante uma festa de casamento em que faltou a bebida. O facto de o vinho transformado por Jesus ser melhor do que o primeiro servido aos convidados foi estranhado, já que a tradição é servir primeiro o melhor vinho e só depois o pior.

Foi esta a imagem utilizada por Marcelo para sugerir que também no caso da Caixa o melhor vinho — Paulo Macedo — foi servido só no fim, depois de António Domingues. Já esta segunda-feira, Marcelo suavizou esta interpretação, considerando que a nova solução “é tão competente como a primeira”.

O Presidente da República defende, ainda assim, que Paulo Macedo receba um salário mais baixo do que o de António Domingues. Em declarações ao Público, Marcelo confirmou que mantém a mesma opinião que tinha em junho, quando promulgou um diploma com alterações ao estatuto do gestor público. Nessa altura, o Presidente pedia contenção nos salários do banco público: “Se há fundos públicos, não é possível nem desejável pagar o que se pagaria se fosse um banco privado sem fundos públicos”.

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Solução Macedo “é tão competente como a primeira”

Já esta segunda-feira, em resposta aos jornalistas, o Presidente da República disse que o processo de transição da Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a correr “muito bem”.

“Aquilo que tenho a dizer é que este processo de transição [CGD] correu muito bem, está a correr muito bem e portanto, tenho uma confiança reforçada na caixa e no futuro da Caixa”, disse o chefe de Estado aos jornalistas em Castelo Branco, antes de uma visita à Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias (ESALD), na terceira edição da iniciativa “Portugal Próximo”.

Segundo o Presidente da República, o processo decorre bem porque a solução encontrada “é tão competente como a anterior” e, por outro lado, “não levanta discussões” relacionadas com a entrega da declaração de rendimentos, como aconteceu com a anterior administração.

“Ainda tem uma vantagem adicional, é que os dois partidos da oposição não esconderam os seus elogios rasgados ao [novo] presidente executivo e portanto, eu diria que esta transição foi suave e muito bem aceite pelos mercados, continuando a gestão anterior a ser assegurada até ao momento de entrada em funções da nova administração”, sustentou.

Por tudo isto, entende que a confiança na CGD sai reforçada.

“Reforça a confiança na Caixa e sobretudo aquilo que os portugueses querem é que, com o Ano Novo, se entre com o pé direito no sentido de aplicar o plano de reestruturação e o plano de capitalização”, frisou.

Questionado sobre se a solução de liderança de Paulo Macedo é mais competente do que a anterior, Marcelo Rebelo de Sousa foi taxativo: “Eu digo que é tão competente como a primeira. Tem é uma base de apoio alargada porque a oposição manifestou um apoio que não tinha manifestado nestes termos ao presidente executivo agora apontado”, concluiu.