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  • No rescaldo da derrota quer sofreu no referendo que se realizou no domingo passado, Matteo Renzi cumpriu nesta segunda-feira a promessa de se apresentar perante o Presidente de Itália, Sergio Mattarella, com o objetivo de anunciar, presencialmente, que o seu Governo terminou quando ficou claro que o “não” tinha ganho a consulta popular e com uma margem gorda. Renzi estava disposto a comunicar a renúncia, mas o processo ficou adiado. Mattarella quer garantir que o ainda primeiro-ministro não abandona o poder enquanto não houver um orçamento do estado aprovado no Parlamento.

    A turbulência nos mercados, na sequência da incerteza política que se instalou em Itália, foi limitada. Para os analistas, a vitória do “não” já estava, em grande parte, descontada no preço dos ativos, visto que as sondagens davam como certa, embora com margem mais curta, o sucesso dos opositores de Renzi. Problema menos leve é o da banca italiana. A operação de recapitalização do Monte dei Paschi entrou em fase de hesitação e há quem acredite que a nacionalização será o derradeiro recurso para segurar a instituição que foi classificada como a pior nos testes de stress realizados em julho passado.

    Sergio Mattarella via dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas? Optará por nomear um Governo de transição? Os próximos dias deverão trazer respostas a estas e a outras questões sobre a atual situação em Itália. O Observador continuará a acompanhar de perto todos os desenvolvimentos relacionados com este processo. Encerramos, por hoje, este livebog. Obrigado por ter estado connosco. Boa noite.

  • Berlusconi está confiante num novo governo

    Silvio Berlusconi já reagiu. Diz que “espera que o Partido Democrático dê vida a um novo governo, que tem a tarefa de proteger as contas públicas, aprovar o orçamento e, sobretudo, de aprovar, no Parlamento, uma nova lei eleitoral que garanta a correspondência eficaz entre a maioria parlamentar e a maioria expressa pelos eleitores “.

    Citado pelo La Repubblica, o ex-primeiro-ministro disse que tem confiança no papel do chefe do Estado. “Estamos confiantes de que o Presidente da República será capaz de identificar a solução mais adequada, para assegurar que os italianos têm, finalmente, oportunidade de votar e escolher, depois de três governos não eleitos, o governo a que pretendem confiar a liderança do país”.

  • Demissão congelada até quarta-feira

    Depois da reunião entre Renzi e Sergio Mattarella, o gabinete da presidência emitiu um comunicado onde explica que “o Presidente da República – tendo considerado a necessidade de terminar as atividades parlamentares de aprovação do orçamento e para evitar os riscos do exercício provisório – pediu ao Presidente do Conselho para adiar a sua renúncia”. De acordo com o La Repubblica, Matteo Renzi congelou a demissão até quarta-feira.

  • Matteo Renzi já saiu do palácio do Quirinal. Reunião com o Presidente da República italiano, Sergio Mattarella, durou meia-hora.

  • Renzi só formaliza demissão depois da aprovação do orçamento

    Afinal, Matteo Renzi não formalizou o seu pedido de demissão no palácio do Quirinal. “Faço-o por causa do meu sentido de responsabilidade e a evitar o exercício provisório”. O anúncio formal deverá acontecer apenas quando o Senado aprovar o Orçamento do Estado italiano para 2017, na sexta-feira.

  • Conselho de Ministros termina. Durou 10 minutos

    Entretanto, o Conselho de Ministros italiano no palácio Chigi já terminou. Durou apenas 10 minutos, diz o La Repubblica. No final, Matteo Renzi dirigiu-se ao palácio do Quirinal, onde deverá apresentar formalmente o seu pedido de demissão ao Presidente.

  • O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, está “confiante de que a Itália irá aguentar a turbulência política e os desafios que tem à sua frente, como tem feito no passado”.

    Numa mensagem deixada no Twitter, Schulz sublinhou que “depois da polarização, é agora necessária a unidade”.

  • Decisão sobre o Monte Paschi adiada por alguns dias

    Responsáveis do Monte Paschi estiveram reunidos com os bancos que estão a assessorar o aumento de capital da instituição. No final, segundo a agência ANSA, a decisão foi de… adiar a decisão por mais três ou quatro dias.

    O que significará que a operação já não vai avançar no momento em que se previa, não fosse o referendo — (a ideia era avançar, no máximo, na quarta-feira, com a colocação de cinco mil milhões de euros em capital).

  • Último Conselho de Ministros de Renzi reúne-se às 17h30

    Quando os italianos acordaram esta manhã, os votos já estavam contados e Matteo Renzi já tinha anunciado que a experiência governativa da sua equipa tinha acabado. Esta segunda-feira é o dia das decisões. E em cima da mesa está o futuro governativo de Itália, já que o foco do referendo se deslocou da alteração constitucional para a rejeição do governo de Renzi.

    A manhã começou com um encontro entre Matteo Renzi e o Presidente da República, Sergio Mattarella, no palácio do Quirinal — a residência oficial do Presidente italiano. Desse encontro, em que os dois discutiram os próximos passos a dar no país, resultou um comunicado da presidência, em que Matterella pede que as instituições públicas saibam dar “uma resposta à altura dos problemas atuais”.

    Para as 18h30 (17h30 em Lisboa), está agendada uma reunião do Conselho de Ministros — tudo indica que será a última presidida por Matteo Renzi. Depois desta reunião, Renzi deverá voltar ao palácio do Quirinal para apresentar formalmente o seu pedido de demissão ao Presidente.

  • Eleições antecipadas são "improváveis", diz a Schroders

    A equipa de investimentos da gestora de fundos Schroders considera “improvável” que haja eleições antecipadas em Itália. “Eleições antecipadas podem permitir aos partidos anti-establishment, como o Movimento Cinco Estrelas e a Liga do Norte, aumentarem a sua expressão eleitoral”, defende Azad Zangana, economista da Schroders para a Europa.

    Uma coisa parece certa: a crise política “irá significar um atraso na introdução de reformas económicas e estruturais”, sem as quais o país irá continuar “preso numa dinâmica deflacionista de baixo crescimento”.

  • Novo primeiro-ministro? Há três nomes

    Enquanto se espera que o Presidente Sergio Mattarella — “o árbitro”, como lhe chama o Repubblica — decida sobre o caminho a seguir, a imprensa italiana vai falando sobre quem poderá suceder a Renzi na liderança do governo. Para já, há três nomes na calha, sendo que o mais falado é o de Pier Carlo Padoan (de quem já falámos neste liveblog).

    • Pier Carlo Padoan. O atual ministro das Finanças de Itália, que não participa esta segunda-feira na reunião do Eurogrupo, para poder estar no (provável) último Conselho de Ministros presidido por Renzi. Trata-se de um independente, de 66 anos, que é apontado como o mais provável sucessor de Matteo Renzi na eventualidade de Mattarella formar um governo de transição.
    • Graziano Delrio. Trata-se do atual ministro das Infraestruturas e dos Transportes, que já foi secretário de Estado, e é considerado um dos homens fortes de Renzi — um ‘Renziano de primeira hora’.
    • Pietro Grasso. É o presidente do Senado, com boas relações com a oposição. Segundo a imprensa italiana, num momento em que o debate parlamentar sobre a lei eleitoral se vai tornar no centro da discussão política em Itália, a ascensão de uma figura institucional como o líder do Senado poderá ajudar a trazer estabilidade ao sistema político. Além disso, é um membro do Partido Democrático relativamente afastado de Renzi, o que pode ser uma vantagem para a construção de uma futura maioria do partido.

  • Renzi governou durante 1.017 dias "difíceis, mas belos"

    Alguns factos sobre Matteo Renzi, compilados aqui pela BBC:

    • Com 39 anos, foi o primeiro-ministro mais novo a assumir a liderança do governo italiano.
    • Foi o 41.º primeiro-ministro italiano desde o final da II Guerra Mundial. Sim, 41 líderes de governo em menos de 80 anos.
    • O seu mandato de 2 anos e 287 dias (1.017 dias) foi o quarto mais longo desde 1990.

    A propósito dos 1.017 dias de governo de Renzi, o primeiro-ministro demissionário partilhou esta tarde no seu Twitter um vídeo em que recorda “mil dias difíceis, mas belos”.

  • Presidente pede respeito pelos prazos. E agora, o que acontece?

    Num comunicado relativamente vago, o Presidente Sergio Mattarella diz que há prazos a respeitar, para as instituições garantirem “uma resposta à altura dos problemas atuais”. Mas o que vai acontecer agora?

    Na verdade, o Presidente tem duas opções:

    • Dissolve o parlamento e convoca novas eleições.
      OU
    • Nomeia um governo de coligação para a transição.

    O grande problema com o primeiro cenário, como o Observador explica ao detalhe aqui, é que o Tribunal Constitucional de Itália está a poucos dias de votar sobre à Italicum (a lei eleitoral vigente no país), e tudo indica que a lei deverá ser revertida. Ora, com uma lei eleitoral prestes a ser alterada, a realização de eleições em breve pode ser difícil.

    No entanto, a oposição (mais vincadamente o Movimento Cinco Estrelas, de Beppe Grillo, e a Lega Nord, da extrema direita) quer eleições imediatamente, com a lei eleitoral possível. Por enquanto, é necessário esperar por mais esclarecimentos por parte de Mattarella.

  • Presidente Mattarella: Instituições devem garantir "resposta à altura dos problemas"

    A tradução integral do comunicado do Presidente da República de Itália, Sergio Matterella, depois de se ter reunido durante mais de uma hora com o primeiro-ministro demissionário, Matteo Renzi.

    “A alta afluência às urnas, registada no referendo de ontem, é testemunho de uma democracia sólida, de um país apaixonado, capaz de uma participação ativa.

    A Itália é um grande país, com muita energia positiva. Por isso mesmo, é necessário que o clima político, apesar do diálogo necessário, seja marcado pela serenidade e respeito mútuos.

    Temos à nossa frente compromissos e prazos que as instituições deverão respeitar em todos os casos, garantindo uma resposta à altura dos problemas atuais”.

    Recorde-se que a decisão está agora nas mãos do Presidente da República, que poderá convocar novas eleições ou então tentar constituir um novo governo de coligação.

  • Costa espera que decisão "lúcida e muito corajosa" de Renzi não comprometa projeto europeu

    Em visita a uma unidade fabril de papel higiénico em Torres Novas, o primeiro-ministro português afirmou que Matteo Renzi tomou uma decisão “lúcida e muito corajosa” ao demitir-se e expressou o desejo de que isso não signifique o fim da “participação ativa” do primeiro-ministro italiano do projeto europeu. “Tem muito a dar. É uma força de energia, de criatividade, de combatividade que fará muita falta à Europa se se retirar do Conselho Europeu”, disse António Costa.

    O governante responsabilizou as instituições europeias pelo resultado do referendo italiano. “Há um enorme descontentamento na Europa relativamente ao funcionamento da Europa. Isso tem muito a ver com a crise, com a forma como a crise foi gerida e com a dificuldade em responder à crise”, afirmou, sublinhando uma vez mais que a Itália e os restantes países têm de manter-se juntos para fazer alterações à União Europeia.

    António Costa desvalorizou eventuais impactos desta crise política italiana em Portugal. “A recuperação da economia portuguesa assenta em bases sólidas”, disse.

  • Responsável do BCE não exclui auxílio estatal aos bancos

    Com os mercados relativamente tranquilos (pelas razões que expusemos numa entrada anterior), as atenções dos investidores estão a focar-se no banco Monte dei Paschi di Siena (BMPS), o terceiro maior banco italiano e mais antigo do mundo, em funções.

    O plano de recapitalização, de cinco mil milhões de euros, está em risco e a nacionalização pode tornar-se inevitável. Um membro destacado do BCE, Ewald Nowotny, já veio reconhecer que não pode excluir-se a utilização de fundos públicos para ajudar bancos italianos.

    Pelo segundo ano consecutivo, o Monte Paschi di Siena foi o banco com pior resultado nos testes de stress e estima-se que tenha acumulados no seu balanço 46 mil milhões de euros em créditos em falta.

    Antes do referendo, o plano era avançar com a colocação de ações no mercado, em alguns investidores-chave, esta semana. Mas os bancos de investimento envolvidos na operação estão reunidos com os responsáveis da instituição esta segunda-feira para decidir se, com este resultado, a operação deve ou não avançar.

  • Há pouco mais de meio ano...

    Uma outra imagem da foto de 1 de maio que recordámos há pouco:

  • Marcelo convicto de que Itália reafirmará a vontade de ser um “grande país europeu”

    O Presidente da República disse hoje estar convicto de que Itália “reafirme a vontade” de continuar a ser um “grande país europeu”, apesar da vitória do ‘não’ no referendo à reforma constitucional. Marcelo Rebelo de Sousa vincou hoje a sua “esperança” e “convicção” de que nas eleições “a existir no ano que vem se reafirme a vontade da Itália continuar um grande país europeu, um país fundador da Europa, um país muito forte na Europa”.

    O Presidente da República falava aos jornalistas em Castelo Branco, reagindo à vitória do ‘não’ à reforma constitucional proposta pelo primeiro-ministro, Matteo Renzi, que vai apresentar a sua demissão face ao resultado. O chefe de Estado sublinhou que não estava em causa a União Europeia no referendo italiano, mas sim “uma reforma constitucional”.

    O povo italiano foi questionado sobre “mudar ou não o sistema político” do seu país e disse “soberanamente” que não quer mudar. “Não disse: ‘queremos sair do Euro, queremos sair da Europa’”, frisou.

    Em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa comentou também as eleições de domingo na Áustria, que deram a vitória a Alexander Van der Bellen. “Já tive ocasião de felicitar o novo presidente austríaco e vejo com felicidade a vitória daquilo que pode ser considerada uma vitória da Europa”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que falava no arranque da terceira edição da iniciativa presidencial “Portugal Próximo”.

    (Agência Lusa)

  • Merkel lamenta pedido de demissão de Matteo Renzi

    Angela Merkel “tomou nota, com mágoa”, da demissão de Matteo Renzi, segundo porta-voz citado pela Bloomberg.

    Merkel “trabalhou muito bem e com grande relação de confiança com Matteo Renzi, mas claro que a decisão democrática tomada pelos cidadãos italianos tem de ser respeitada”, afirma o porta-voz, Steffen Seibert.

    Noutra reação, Jeroen Dijsselbloem veio dizer que o referendo não muda nada. O presidente do Eurogrupo afirmou hoje em Bruxelas que o resultado do referendo de domingo em Itália, que precipitou a demissão do primeiro-ministro Matteo Renzi, não altera a situação económica do país, das principais economias da zona euro.

    “Claro que cabe agora ao presidente italiano tomar decisões sobre o processo democrático, pois é disso mesmo que se trata, um processo democrático, que não altera a situação económica em Itália ou nos bancos italianos. Os problemas que temos hoje são os mesmos que tínhamos ontem”, apontou Jeroen Dijsselbloem, à entrada para uma reunião de ministros das Finanças da zona euro, na qual já não participa o ministro italiano, Pier Carlo Padoan, em função da demissão do Governo de Renzi.

    O presidente do Eurogrupo insistiu que “o resultado do referendo de ontem (domingo) é uma decisão política sobre uma reforma em particular, uma reforma constitucional”, que não altera o quadro económico atual do país, e observou que a prova disso mesmo é que “até agora os mercados reagiram de forma bastante tranquila”. “A Itália é uma economia forte, das maiores da zona euro, é um país com instituições fortes e vai haver um Governo, aconteça o que acontecer, que terá de lidar com a situação económica do país e com os bancos que têm problemas”, tal como já sucedia antes, concluiu.

  • Não pode excluir-se dinheiro dos contribuintes para a banca, diz membro do BCE

    Alguma forma de envolvimento de dinheiros públicos na recapitalização dos bancos italianos não pode ser excluída, afirma Ewald Nowotny, o membro austríaco do Conselho do BCE.

    Em declarações citadas pela Bloomberg, o responsável acrescenta que “temos de ver que as questões legais [quanto às ajudas de Estado] mudaram. Não será tão fácil como teria sido anteriormente, mas é exatamente por isso que há negociações”.

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