O primeiro-ministro da Nova Zelândia anunciou esta segunda-feira que vai demitir-se desse cargo e também da liderança do Partido Nacional. A decisão de John Key apanhou de surpresa os neo-zelandeses, que vão às urnas no próximo ano para eleger um novo governo. Depois de oito anos no poder, esperava-se que Key se recandidatasse, mas o primeiro-ministro demissionário alega que já “deu tudo” ao cargo.

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Numa conferência de imprensa, o primeiro-ministro afirmou que sai do governo por motivos pessoais e familiares. “Este cargo exigiu bastantes sacrifícios às pessoas que me são mais queridas, a minha família. A minha mulher Bronagh passou muitas noites e fins-de-semana sozinha, houve muitas ocasiões importantes para ela em que eu não pude estar presente”, disse John Key, que há dias anunciou no Twitter que tinha celebrado o 32º aniversário de casamento.

Mas o político admitiu também que não foi apenas por causa da família que decidiu sair do poder. “Haverá sempre gente a inventar um milhão de teorias da conspiração, mas encorajo as pessoas a encararem a situação tal como ela é”, disse John Key, que acrescentou que prefere sair “no topo” da popularidade.

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Depois de dez anos de liderança de Key, o Partido Nacional vai agora reunir-se para escolher um sucessor e candidato às eleições do próximo ano. O favorito de John Key é Bill English, atual vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças. “Quem quer que o partido escolha terá o meu apoio incondicional, mas se English se candidatar, então votarei nele. Há já dez anos que eu e o Bill trabalhamos como equipa e pude testemunhar o seu estilo de liderança, a sua capacidade de trabalho, a sua compreensão da economia, o seu compromisso com a mudança e, sobretudo, a sua decência como marido, pai, colega e político”, disse o governante demissionário.

John Key é deputado desde 2002 e líder do Partido Nacional desde 2006. Foi eleito para primeiro-ministro pela primeira vez em 2008 e renovou os mandatos em 2011 e 2014. “Ainda não tenho planos para a minha vida profissional”, afirmou na conferência de imprensa.

O anúncio da demissão neste momento dá tempo a Bill English ou a outro possível sucessor para preparar a candidatura eleitoral. A governação de John Key gozou sempre de enorme popularidade, sobretudo devido à forma como lidou com a crise económica, com os grandes sismos (o de Christchurch à cabeça) e a crise da habitação no país. Durante o último ano, as sondagens foram mostrando o Partido Nacional a descer nas intenções de voto e quase todas as outras formações políticas a subir. Mas o último estudo de opinião, divulgado no fim de novembro, já mostra o partido de Key de novo a crescer.

Por isso, a saída de Key da cena política é uma “jogada estratégica muito inteligente”, disse Jennifer Lees-Marshment, professora de Política na Universidade de Auckland, ao jornal inglês The Guardian. Ele “deixa um conjunto de pessoas que podem continuar o seu trabalho”, afirmou a docente. “Se é verdade que a marca do Partido Nacional enfraqueceu, agora tem uma oportunidade rara de se rejuvenescer e aumentar as suas hipóteses de vencer, não apenas em 2017 como em 2020.”