Liga Europa ou nada, agora escolha. É o dilema do Sporting (e do Légia) em Varsóvia, na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. Basta um empate para a honra portuguesa continuar de pé e marcar presença no sorteio dos 16 avos, daqui a uma semana.
Se um ponto é o suficiente, há razões de sobra (só duas, vá) para acreditar no sucesso da viagem à Polónia. Então? O único jogo do Sporting em Varsóvia, precisamente com o Légia, data de 2012, mais concretamente de 16 Fevereiro. É a estreia de Sá Pinto como treinador, no lugar de Domingos. O onze inclui Rui Patrício, João Pereira, Polga, Onyewu, Insúa, Schaars, Rinaudo, Matías, Izmailov, Van Wolfswinkel e Carrillo. Entram ainda Pereirinha Carriço e André Santos. O Sporting está sempre atrás do resultado e acaba 2-2, cortesia Carriço e André Santos. É a 1.ª mão dos 16 avos da Liga Europa. Em Alvalade, 1-0 de Matías.
Se o Sporting empata na Polónia, Jesus também não lhe fica atrás. Para conhecer a história, é preciso recuar até ao século passado, em Julho 1998, por ocasião de um Ruch Chorzow-Estrela. Julho? Isso mesmo, é o fascínio da Taça Intertoto, promovida pela UEFA: juntam-se os sétimos, oitavos, às vezes nonos classificados de cada país e cá vai disto. O Estrela, 7.º com Fernando Santos em 1997-98, aceita o desafio e calha-lhe o Ruch Chorzow na primeira eliminatória. Sem Santos, de abalada para o Porto e a caminho do inédito penta. No seu lugar, o Estrela contrata Jesus. A estreia oficial dá-se precisamente na Polónia, dia 18 Julho, um sábado.
O caso está mal parado, com 1-0 para eles, os “maus”. Às tantas, entra Jorge Andrade. “É o meu primeiro jogo na Europa e acabámos por empatar numa jogada minha.” Como assim, jogada? “Quando chegou ao Estrela, o Jesus meteu-me a médio. Só depois é que recuei para central. Um pouco como o Rúben Semedo: era médio, agora é central. Nessa época, joguei a médio. Às vezes, com o Lázaro. Outras, com o Assis.” Quem, o irmão do Ronaldinho? “Esse mesmo, um crackalhão. Aquela canhota fazia maravilhas. Nos treinos, batia livres como ninguém. Melhor que o irmão, vê bem. A bola ia com muita força, subia muito, dava ideia de ir por alto e, de repente, fazia uma curva para baixo. O guarda-redes ficava todo abananado. Uma vez, empatámos 1-1 nas Antas e há lá uma jogada em que ele dá para mim, eu dou para ele e ele tem a infeliz ideia de devolver a bola para mim. Rematei ao lado.” Jorge Andrade é assim, descontraído, sempre a fazer piadas sobre si mesmo. “Vê lá como são as coisas que acabei por apanhar o Ronaldinho em Espanha, nos Deportivos-Barças, e em Itália, nos Juves-Milans.”
Recuemos ligeiramente no tempo. É a estreia de Jorge Andrade (e a de Jorge Jesus) no Estrela, com o Ruch Chorzow. E agora? “Empatámos com um autogolo, na sequência de uma jogada minha que também meteu o central Raúl Oliveira. Como só viajávamos no dia seguinte para Portugal, pensámos que o treino do dia seguinte ia ser leve. Qual quê, Jesus não brinca em serviço: treino puxado, puxado, puxado. A fazer séries de corridas: sprints de 50 metros, pára, sprints de 50 metros, pára. Foi cá uma sova.” Na segunda mão, outro empate 1-1. “Aí, fui titular no meio-campo e falhei um golo de baliza aberta: o guarda-redes defendeu para a frente e atirei por cima, na recarga. O Sérgio Marquês estava ao meu lado, também isolado, mas nem o vi. Fomos para penáltis e perdemos. Quem falhou foi o Rui Neves.” E parte-se a rir: Jorge Andrade é assim, descontraído, sempre a fazer piadas sobre os outros.