À velocidade que a tecnologia evolui, não é um cenário demasiado ficcional imaginar que, dentro de pouco tempo, será possível subir a bordo de um automóvel, definir o destino da viagem e aguardar confortavelmente que esta decorra enquanto o veículo se “auto-conduz”. Por isso, a Goodyear decidiu juntar-se à LSE (London School of Economics and Political Science) para levar a cabo um estudo destinado a avaliar a receptividade dos europeus a estas novas soluções de mobilidade.

Os resultados obtidos têm por bases um inquérito realizado em onze países europeus (Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Itália, Polónia, Reino Unbido, República Checa, Sérvia e Suécia), aos quais responderam doze mil pessoas, bem como as reações de quatro grupos de discussão, com 48 participantes, criados em outros tantos países. A iniciativa integra-se no projecto ThinkGoodMobility do fabricante de pneumáticos norte-americano, uma plataforma de informação e conhecimento destinada a promover a mobilidade inteligente, segura e sustentável.

Segundo este estudo, 26% inquiridos declararam-se dispostos a utilizar um veículo autónomo, e 29% enquanto passageiros. Pelo contrário, 44% não se sentiram confortáveis a utilizar um veículo deste género, e 41% nem mesmo como passageiros. Ainda assim, 43% concordaram que os veículos autónomos serão mais seguros, uma vez que a maioria dos acidentes rodoviários serão causados por erro humano, opinião refutada por 19% dos participantes. Não obstante, persistem entre a maioria as preocupações relativas a esta tecnologia: 73% dos inquiridos teme que os veículos autónomos possam não funcionar devidamente.

Não menos interessantes foram os dados relativos à vertente comportamental. Os participantes nos grupos de discussão esperam que os veículos autónomos sejam “bem-comportados” e cumpram as regras de trânsito, vendo nos mesmos potencial para expurgar o “mau comportamento” dos restantes condutores. Ao mesmo tempo, 37% os participantes no inquérito concordam com a afirmação de que “as máquinas não têm emoções, pelo que deverão ser melhores condutores do que os humanos”, enquanto que 21% discordam desta asserção. E 60% estão preocupados com a hipótese de “as máquinas não terem o senso comum necessário para interagir com os condutores humanos”.

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Os inquiridos mais receptivos aos veículos autónomos são, em média, os que têm uma visão mais “combativa” da estrada e manifestam alguma ansiedade face ao comportamento de outros condutores. Paralelamente, sendo os menos atraídos por esta solução os que são mais sociáveis e apreciam interagir com outros condutores. Mas o controlo é um dado mais consensual: 70% dos inquiridos concorda que “por uma questão de princípio, os humanos deverão estar no controlo dos seus veículos”, enquanto que 80% pretende que os veículos autónomos disponham de volante.

Expectável é a conclusão de que uma maioria dos inquiridos seja a favor de pneus “inteligentes”, dotados de sensores capazes de lhes permitir avaliar as condições da estrada e meteorológicas, transmitindo a informação obtida aos veículos autónomos. Mais surpreendente, porventura, será o facto de 82% dos participantes, enquanto passageiros de um veículo autónomo, preferirem estar a par do ambiente que os rodeia, em vez de aproveitar a condução autónoma para atividades mais absorventes.

Por fim, alguns dados interessantes recolhidos em função da localização geográfica. Os polacos e os franceses foram os que se mostraram mais crentes que os veículos autónomos serão mais seguros do que os automóveis convencionais. Os franceses e os alemães foram os que se mostraram mais preocupados com a potencial ausência de controlo humano nos veículos autónomos, os holandeses aqueles para quem essa é uma preocupação menor.

Britânicos e polacos revelaram ser os que mais acreditam que as máquinas, pois não tendo emoção, darão melhores condutores que os humanos, ao contrário do que acontece com os belgas. Os checos não são expressaram o maior nível de preocupação em relação ao facto dos veículos autónomos não possuírem o senso comum necessário para interagir com os condutores humanos (por oposição aos italianos), como foram aqueles que afirmaram ir sentir mais a falta do prazer da condução (algo que, para os holandeses, não é preocupação relevante).