Horas depois de Matteo Renzi formalizar o pedido de demissão como primeiro-ministro de Itália, a agência Moody’s avisou os investidores de que poderá cortar o rating da dívida do país nos próximos tempos. A recusa popular, através de referendo, das alterações constitucionais pedidas por Renzi foi lida, pela agência de rating como um sinal de não é provável que um governo italiano consiga fazer as reformas que a agência considera serem necessárias — na economia e nas contas públicas.

O rating de Itália mantém-se, para já, em Baa2, o que significa que está a dois níveis de deixar de ser considerado um investimento seguro. Mas a perspetiva futura (outlook) desse rating deixou de ser “estável” e passou a ter um pendor “negativo”. Em termos simples, isto significa que existe alguma probabilidade de que a agência decida baixar o rating nos próximos, conforme a sua avaliação de como evoluem os indicadores-chave da economia italiana.

A Moody’s explica a decisão com dois fatores principais:

  • Os progressos lentos e, em alguns casos, interrompidos na prossecução de reformas da economia e das contas públicas. Algo que se tornou menos provável depois do voto não que saiu vitorioso no referendo de domingo (4 de dezembro).
  • Perante o resultado do referendo (e as suas consequências, entre as quais o pedido de demissão de Renzi), “há um risco maior de que a redução do elevado fardo de dívida de Itália continue a ser adiada”. Para este pessimismo quanto à redução da dívida contribui as “derrapagens orçamentais recentes” e “as perspetivas de crescimento pouco animador, no médio prazo”.

A Moody’s receia, assim, que o estado italiano irá continuar “vulnerável a choques externos”, o que justifica que o rating receba, então, um outlook negativo, podendo cair para o nível mais baixo antes de descer para lixo. Para o estado italiano, essa eventual despromoção do rating poderia significar custos de financiamento mais elevados e uma divergência cada vez maior em relação aos juros de Espanha, que está a crescer mais rapidamente e tem dado provas mais sólidas de reformismo em prol da competitividade da economia.

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