A oposição no parlamento da Coreia do Sul avançou com uma moção para a destituição da Presidente do país, Park Geun-hye, que deverá ser votada na sexta-feira. Se for aprovada, a moção segue para o tribunal Constitucional, a quem cabe validar a decisão.

Para ser aprovada, a moção precisa do apoio de dois terços dos 300 deputados do parlamento, pelo que serão necessários os votos de pelo menos 28 deputados do partido do Governo (Saenuri).

Park Geun-Hye foi envolvida pelo Ministério Público do país num caso de tráfico de influências e fraude protagonizado por uma amiga sua e centenas de milhares de pessoas saíram às ruas nas últimas semanas para pedir a demissão da Presidente, naquelas que são já as maiores manifestações na Coreia do Sul desde os protestos pró-democracia da década de 1980.

A indignação, incluindo de membros do próprio partido da Presidente, tem por base a ideia de que Park foi manietada durante o seu mandato por uma amiga, Choi Soon-sil, acusada de corrupção e tráfico de influências.

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A Procuradoria da Coreia do Sul revelou que a Presidente teve um papel “considerável” no escândalo e acusou formalmente Choi Soon-sil e dois antigos assessores presidenciais, indicando que Park cooperou com a amiga e os outros dois ex-colaboradores, que são suspeitos de terem pressionado mais de 50 empresas do país a doar 65,7 milhões de dólares (62 milhões de euros) a duas fundações.

O escândalo “Choi Soon-sil Gate” reduziu a taxa de aprovação da Presidente a 5%, o valor mais baixo alguma vez alcançado por um chefe de Estado na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980.

O mandato da Presidente termina dentro de 15 meses. Caso Park se demita antes, a lei obriga a eleições no prazo de 60 dias.

A 29 de novembro, a Presidente sul-coreana disse que quer deixar o cargo antes do fim do mandato, em 2018, e pediu ao parlamento para preparar a transição.

“Quando os deputados tiverem determinado as condições para uma passagem de poder que minimize qualquer vazio de poder e o caos na governação, eu saio”, disse, numa declaração país transmitida pela televisão.

“Deixarei a questão da minha saída, incluindo a redução do meu mandato, a uma decisão da Assembleia Nacional”, afirmou.

Dias mais tarde, a 1 de dezembro, o partido no Governo propôs formalizar em abril próximo a demissão da Presidente.