A oposição venezuelana anunciou esta quarta-feira que não aceita a proposta do Vaticano para ser retomado o diálogo com o Governo a 13 de janeiro e que vai voltar aos protestos. “Enquanto não se cumprirem os acordos, nós não vamos estar em nenhum espaço [de diálogo]”, disse o secretário da Mesa de Unidade Democrática (MUD), a aliança que junta a oposição, durante uma conferência de imprensa em Caracas.

Na terça-feira, o enviado do Vaticano, Cláudio Maria Celli, anunciou que o Governo venezuelano e a oposição iriam retomar o diálogo e que tinha sido agendada uma nova reunião de trabalho para 13 de janeiro de 2017. “Não concordámos com a data de 13 de janeiro para uma futura reunião, porque a data será determinada pelo cumprimento dos acordos. Não há nenhuma razão para o Governo não cumprir com os quatro acordos alcançados”, disse o responsável da MUD.

Segundo Jesus Torrealta, o Governo tinha prometido à oposição que libertaria os presos políticos, que criaria um canal humanitário para a entrada de alimentos e medicamentos no país, que estabeleceria um cronograma eleitoral e que avançaria com uma data para uma eleição presidencial. Por outro lado, anunciou que a oposição decidiu retomar a “agenda de luta na rua” (manifestações), no parlamento e no âmbito internacional que tinha sido suspensa a pedido do Vaticano.

O enviado do Vaticano havia dito que os “mediadores” do diálogo na Venezuela tiveram reuniões, em separado, “com delegações” do Governo e da MUD, durante as quais apresentaram uma proposta de trabalho a ambas partes. “Solicitamos aos poderes públicos que não aprovem ou se abstenham de ditar decisões que dificultem a relação entre eles ou o processo de diálogo até ao 13 de janeiro de 2017”, disse. Segundo o representante do Vaticano, estão ativas quatro mesas de diálogo: paz, respeito pelo estado de direito e soberania nacional; verdade, justiça, Direitos Humanos, reparação das vítimas e reconciliação; situação socioeconómica; calendário eleitoral.

A 30 de outubro, o Governo e a oposição iniciaram um diálogo, sob a mediação do Vaticano e da Unasul (União das Nações da América do Sul), que levou à criação destas quatro mesas de negociação. A 1 de novembro, o parlamento, onde a oposição tem maioria, adiou “por alguns dias”, a pedido do Vaticano, um debate para determinar a “responsabilidade política” do Presidente Nicolas Maduro, acusado da “rutura da ordem constitucional” no país.

A 12 de novembro, o Governo e a oposição acordaram trabalhar conjuntamente para a recuperação da economia e o combate à insegurança, tendo agendado nova reunião de diálogo para 6 de dezembro na qual a MUD não participou devido à falta de cumprimento dos acordos por parte do Governo de Nicolás Maduro.

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