As aves de capoeira vão voltar a ser postas à venda em Macau no domingo, depois de, na terça-feira, ter sido detetado o vírus da gripe aviária no mercado abastecedor, originando a primeira infeção humana na cidade.

Segundo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), a importação de aves vivas, que estava suspensa, será restabelecida no sábado. Os animais vão ser “inspecionados por amostra” no mercado abastecedor e se não for verificado “qualquer resultado anormal”, serão postos à venda no domingo.

Em comunicado, o IACM diz ainda que antes da comercialização, “proceder-se-á, de novo, à limpeza e desinfeção profunda das bancas que a essa venda se dedicam”.

Na terça-feira, as autoridades de Macau abateram cerca de 10 mil aves de capoeira e suspenderam a sua venda depois de o vírus ter sido detetado num ‘stock’ de 500 galinhas sedosas. Por motivos de segurança, foram abatidas todas as aves que se encontravam no mercado abastecedor, incluindo 6.730 galinhas e cerca de 3.000 pombos.

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Na madrugada de quarta-feira, as autoridades anunciaram que, devido ao contacto com os animais, um homem tinha sido infetado com o vírus, sendo o primeiro caso detetado num humano em Macau.

O homem de 58 anos, dono de uma banca de venda de aves por grosso, foi sujeito a testes no hospital que deram positivo, indicando que estava infetado com H7N9. O homem não apresentava sintomas e foi colocado na ala de isolamento, a receber tratamento.

O dono da banca foi uma das duas pessoas a contactar com as aves infetadas. O outro foi o condutor do veículo de transporte das galinhas que, sendo da China, foi encaminhado para as autoridades chinesas.

As autoridades apuraram que a mulher do homem infetado terá sido a única pessoa com quem teve contacto próximo, considerando-se, por isso, baixo o risco de uma epidemia.

Esta foi pelo menos a terceira vez este ano que o vírus da gripe aviária foi detetado em Macau.

O Governo já defendeu que, por motivos de saúde pública, deveria deixar de haver venda de aves vivas. No entanto, a medida continua sem data já que um estudo realizado em junho deste ano revelou alguma oposição popular, tendo em conta a importância que a população dá à carne fresca, em particular em épocas festivas como o Ano Novo Chinês.

“Temos de repensar se devemos ou não vender aves refrigeradas. Talvez possamos alterar o nosso costume e substituir as aves vivas por refrigeradas. Vai depender do mercado, da aceitação da população. Já estamos a reforçar a divulgação e adicionar bancas que vendem aves refrigeradas”, disse na terça-feira à noite o presidente do IACM, José Tavares.

O estudo divulgado em junho indicou que quatro em cada dez residentes de Macau opõem-se à substituição de aves vivas por refrigeradas.

O inquérito, destinado a avaliar a reação do público à medida que o governo de Macau pretende aplicar para prevenir surtos de gripe aviária, conclui que 42,2% dos 1.026 inquiridos manifestam-se contra ou absolutamente contra a medida, 24,2% exprimiram concordância ou absoluta concordância e 33,3% afirmaram serem indiferentes ao assunto.

O relatório do estudo de opinião pública, realizado em novembro e dezembro de 2015 pelo Instituto Politécnico de Macau, e que cobriu também as preferências de consumo e os hábitos de compra, correlaciona o nível de conhecimento sobre os riscos de saúde com a posição manifestada pelos entrevistados.