A evacuação de Alepo foi suspensa esta sexta-feira, depois de milhares de pessoas terem sido retiradas da cidade nas últimas 24 horas. A suspensão acontece depois de os rebeldes se terem recusado a colaborar na retirada dos feridos de duas cidades situadas na província vizinha de Idleb, Fua e Kefraya.

Na quinta-feira, um grupo de ambulâncias dirigiu-se para essas localidades para facilitar a retirada, que no entanto não aconteceu. A saída dos doentes das duas cidades fazia parte do acordo de retirada de Alepo, já que foi uma das condições impostas pelo Irão, aliado do Governo de Damasco, para permitir a marcha de rebeldes e civis da maior cidade do norte da Síria. Segundo dados do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, nenhum doente ou ferido saiu daquelas localidades de maioria xiita.

Além disso, os rebeldes que ocupavam a zona leste de Alepo terão tentado levar prisioneiros durante a evacuação. Fonte governamental acusa os rebeldes de terem furado o acordo. “A operação de evacuação foi suspensa porque as forças da oposição falharam, ao não respeitarem as condições do acordo”, sobre a retirada, disse a fonte do regime sírio À AFP. Já a Reuters dá conta que houve pelo menos quatro explosões no local de onde têm saído os autocarros.

Mais de 8 mil pessoas já foram retiradas

Desde o início da operação de evacuação de Alepo, na quinta-feira, já foram retiradas milhares de pessoas da cidade, segundo órgãos oficiais e ativistas. A agência de notícias estatal SANA afirmou que até agora um total de 8.079 “terroristas” e respetivas famílias abandonaram os distritos sitiados de Al Salahedín, Al Ansari, Al Mashad e Al Zabdie pelo corredor de Al Ramusa-Ameriya, sob a supervisão do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR) e o Crescente Vermelho.

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Essas pessoas, segundo a mesma fonte, foram retiradas de Alepo em dez operações e foram encaminhadas para zonas do sudoeste da província com o mesmo nome. Por sua vez, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou que até à suspensão da operação saíram dez grupos com 8.500 feridos, doentes, civis e combatentes do leste de Alepo, em direção ao oeste. A ONG precisou que 3.000 dos retirados são rebeldes e cerca de 360 são feridos e doentes.

Apesar de terem sido retirados da zona de conflito, os habitantes de Alepo ainda enfrentam perigos, sobretudo a falta de mantimentos e de medicamentos. Por outro lado, com a rápida queda de Alepo, não houve tempo suficiente para que fossem preparados os locais para onde se dirigem os cidadãos. Outro fator que poderá colocar em risco os civis que foram retirados da cidade é o inverno rígido que se faz sentir agora na região.

A perda de Alepo, principal bastião e símbolo da revolta na Síria, marcará o fim da rebelião nesta cidade, cuja zona oriental conquistara em 2012. Representará também a mais importante vitória do governo desde o início da guerra civil, em 2011. Mas são sobretudo os civis as vítimas: centenas já morreram e quase 130.000 fugiram da cidade desde o início da ofensiva pró-regime, lançada a 15 de novembro para retomar a totalidade da cidade.