O Governo quer dar um novo impulso ao acolhimento de refugiados recolocados em Portugal, apelando para que mais municípios e paróquias se mostrem disponíveis para receberem, pelo menos, uma família.

Desde 17 de dezembro de 2015, Portugal já recebeu 747 refugiados ao abrigo do Programa de Relocalização de Refugiados da União Europeia. No dia em que se assinalou um ano desde a chegada das primeiras 24 pessoas ao país, o ministro-Adjunto, Eduardo Cabrita, defendeu que é preciso dar um novo impulso à vinda destas pessoas.

“Vamos fazer em 2017 esse apelo, quer a que mais municípios estejam disponíveis para acolher refugiados, tal como as instituições da sociedade civil, preparando a vinda de sua santidade o papa, irão fazer um grande movimento para que em cada paróquia seja acolhida, pelo menos, uma família de refugiados”, disse, em declarações à Agência Lusa.

Esse será um dos três grandes desafios para o próximo ano, juntamente com a aprendizagem da língua e a procura de trabalho, explicou o ministro. Relativamente ao acesso à língua portuguesa, Eduardo Cabrita frisou que a aprendizagem entre as crianças tem corrido de forma “globalmente muito positiva”, mas admitiu que, entre os adultos, é preciso ser melhorada.

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“Terceiro grande desafio é o do acesso ao mercado de trabalho, sendo que, nuns casos, isso passa por formação profissional, noutros por reconhecimento de requalificações”, apontou, revelando que, do total de adultos, 10% já está a trabalhar.

De acordo com Eduardo Cabrita, o acolhimento destas 747 pessoas em doze meses fez com que Portugal esteja em 4.º lugar no número de recolocações entre os países europeus, ao mesmo tempo que sublinhou que o modelo de acolhimento adotado é “visto como um exemplo”.

Sobre esta matéria, o ministro apontou que o envolvimento local permite facilitar o acesso ao emprego, muitas vezes em unidades locais, sobretudo nos pequenos municípios, onde o nível de empregabilidade é mais significativo. As 747 pessoas estão dispersas por 77 municípios, de norte a sul do país, havendo “mais de uma centenas de municípios que têm manifestado disponibilidade para acolhimento”.

O ministro admitiu, no entanto, que também tem havido casos de refugiados que preferiram abandonar o país, revelando que o número é inferior a 20% do total e que isso não pôs em causa o modelo de acolhimento e defendendo que é um modelo que tem merecido reconhecimento internacional.

“Quer da parte da Comissão Europeia, quer das autoridades de asilo à escala europeia, até, na última Assembleia-geral das Nações Unidas, o presidente Obama destacou o papel de Portugal como um bom exemplo a nível global neste processo”, frisou o governante.

Relativamente às pessoas que Portugal acolheu, Eduardo Cabrita adiantou que são sobretudo oriundas de campos na Grécia e Itália, adiantando que da Grécia vieram sobretudo famílias sírias e iraquianas, enquanto de Itália chegaram refugiados eritreus, não só famílias, mas também muitos homens isolados.

Além disso, Portugal recebeu igualmente neste ano, à margem das recolocações, mais de 600 pedidos espontâneos de acolhimento. Eduardo Cabrita disse ainda que, até ao final do ano, Portugal deverá receber mais de 50 pessoas divididas em dois grupos.