A Cinemateca apresenta esta segunda-feira um livro sobre o realizador Alberto Seixas Santos, que morreu no passado dia 10, aos 80 anos, uma obra que estava a ser preparada há vários meses, no seguimento de uma retrospectiva dedicada ao cineasta. Com o título “Alberto Seixas Santos”, o livro inclui uma biografia e textos sobre os seus filmes, conta com contribuições de, entre outros, João Bénard da Costa e João Lopes, e reproduz uma longa entrevista feita ao cineasta, como contou à agência Lusa a coordenadora da obra, Maria João Madeira.

“Alberto Seixas Santos marcou o cinema e a cultura de cinema deste país desde a década de sessenta, e fê-lo, porventura, em todos esses campos, exatamente como realizou os seus filmes: atuando nos momentos de viragem e mergulhando nas contradições dos momentos de viragem; vivendo ao limite essas contradições e passando à etapa seguinte”, escreve o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, no texto de abertura.

Cineclubista, realizador, espectador e crítico de cinema, Alberto Seixas Santos deixa uma cinematografia curta de cinco longas-metragens, feitas entre 1975 e 2011, entre as quais “Brandos Costumes”, às quais se juntam curtas-metragens e os filmes coletivos “As Armas e o Povo” e “A lei da terra”, ambos dos anos 1970.

Nascido em Lisboa, em 1936, Alberto Seixas Santos estudou História e Filosofia, em Portugal, e Cinema, em Paris e em Londres. É um dos nomes fundadores do Cinema Novo Português, assim como do cineclubismo, tendo dirigido o ABC Cineclube de Lisboa. Também foi professor, durante mais de vinte anos, na Escola Superior de Teatro e Cinema e, nos anos 1980, foi diretor de programas da RTP, responsável pela programação de cinema.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em 2011, quando estreou a última longa-metragem, “E o tempo passa”, admitia à agência Lusa que não tinha grande necessidade em filmar. “Tenho mais necessidade de ver bom cinema do que de fazer cinema”.

“Há dez milhões de histórias, mais ou menos iguais, que podia filmar, mas não me apetecia. Não gosto de ver e fazer filmes que já foram vistos ou feitos. Todas as narrativas… mais ou menos já alguém andou por elas”, explicou na altura.

O livro editado pela Cinemateca inclui ainda uma transcrição editada de apresentações de Alberto Seixas Santos sobre filmes de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet, na rubrica “Histórias do Cinema”, que a Cinemateca organizou em 2012.

O mundo de Alberto Seixas Santos, escreveu José Manuel Costa, “não é apenas mais um dos universos idiossincráticos do nosso melhor cinema, mas algo que se foi situando ao mesmo tempo dentro e fora do horizonte imediato dele, e que, por isso, foi contribuindo para que também nós o pudéssemos ir pensando melhor”.

A apresentação da obra tem início às 19h00, na Sala M. Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.