A polícia cubana impediu no domingo a organização de manifestações, as primeiras desde a morte de Fidel Castro em 25 de novembro, e prendeu dezenas de opositores, afirmaram à agência France-Presse diversos responsáveis da oposição.

Uma operação simultânea da polícia em duas cidades do leste do país impediram as marchas, que tinham sido convocadas para pedir a libertação de opositores.

“Ocorreram operações simultâneas às seis horas da manhã em Santiago de Cuba e Palma Soriano”, no sudeste da ilha. “Entraram em quatro habitações e por agora já contabilizamos 42 detenções, 20 em Santiago, 12 em Palma e 10 em Havana”, declarou José Daniel Ferrer por telefone à agência noticiosa.

Líder da União patriótica de Cuba (Unpacu), uma das organizações da oposição, Ferrer tinha apelado a uma manifestação pela libertação de “presos políticos” e ficou retido várias horas num posto da polícia em Santiago de Cuba.

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“Ameaçaram-me, disseram que este apelo era suscetível de provocar crimes e delitos como perturbação da ordem pública, atentados, ofensas e espionagem”, declarou Ferrer após a sua libertação.

O Governo socialista de Raúl Castro nega a existência de presos políticos em Cuba e afirma que os membros da oposição detidos violaram a lei. O poder socialista cubano, que assenta num partido único, não emitiu no domingo qualquer comentário sobre estas declarações.

As detenções em Cuba são em geral temporárias e têm por vezes como objetivo, à semelhança das de domingo, impedir que os opositores se manifestem na rua.

Em Havana, o grupo de oposição das Damas de Branco afirmou em paralelo à AFP que pelo menos 20 casas de membros deste movimento foram “cercadas” no domingo pela polícia. “Temos informações que indicam que pelo menos 20 casas foram cercadas para impedir qualquer saída [no domingo], entre elas a sede” do movimento, indicou a sua responsável, Berta Soler.