Está dado o primeiro passo para que o governo italiano avance com um resgate público à banca. O Conselho de Ministros que se realizou na segunda-feira decidiu pedir uma autorização parlamentar para aumentar o endividamento público em até 20 mil milhões de euros. Paolo Gentiloni, o novo primeiro-ministro, garante que a medida é apenas “preventiva” e o seu ministro das Finanças, Pier-Carlo Padoan, disse-se “perplexo” com quem afirma que o fardo irá recair sobre os contribuintes.

Formalmente, a decisão foi explicada como a criação de uma almofada “através de garantias públicas com o objetivo de restaurar a capacidade de financiamento dos bancos, no curto e médio prazo”. Os fundos podem ser usados para “programas de fortalecimento dos capitais dos bancos, no âmbito de recapitalizações que envolvam a venda de ações”, explicou Pier-Carlo Padoan, no final da reunião do Conselho de Ministros.

Uma recapitalização envolvendo venda de ações é, precisamente, o que está a tentar fazer o Monte Paschi di Siena, visto como o grande banco mais frágil do sistema financeiro italiano e que desde o início da semana está a tentar fazer um aumento de capital junto de privados no valor de cinco mil milhões de euros. Com este pedido de autorização parlamentar para endividamento adicional, fica claro que se não for possível concluir o aumento de capital junto de privados, o Estado poderá fazer uma injeção pública de capitais no banco, ou seja, nacionalizando-o pelo menos parcialmente.

“Pode tornar-se necessário adotar medidas com o objetivo de proteger os aforradores caso haja riscos para o setor financeiro”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros. A votação parlamentar sobre esta proposta do governo deverá acontecer na quarta-feira, segundo a imprensa italiana.

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As ações do Monte Paschi, as que estão a ser negociadas na bolsa de Milão, já estiveram a subir quase 5% esta manhã, moderando entretanto a subida para uma valorização de 1,3%, segundo a Bloomberg. Na véspera tinham afundado mais de 10%, com os analistas a duvidarem das possibilidades de sucesso da operação de aumento de capital.

Por outro lado, os juros da dívida pública italiana estão a subir seis pontos-base, mantendo-se abaixo de 1,9%, com os investidores receosos em relação às implicações de mais endividamento num país que, em função do seu produto interno bruto (PIB), já é o segundo mais endividado da zona euro, depois da Grécia, com 2,23 biliões de euros em dívida.

Estima-se que o setor financeiro italiano seja atormentado por 360 mil milhões de euros em crédito malparado e outros ativos não-rentáveis. Isso contribui para entupir o balanço dos bancos e para restringir a capacidade de fazer novos empréstimos e ajudar a dinamizar a economia.