Mais de um quarto dos empresários das Pequenas e Médias Empresas (PME) portuguesas considera nulo o impacto das alterações climáticas no seu negócio, mas estão preocupados com a possibilidade de ocorrerem furacões, ventos fortes e tornados, revela esta terça-feira um estudo conduzido pela GFK.
O estudo foi realizado junto de PME de oito países (Portugal, Áustria, Alemanha, Irlanda, Itália, Espanha, Suíça e Turquia), tendo sido ouvidas 200 empresas portuguesas representativas, que empregam até 250 trabalhadores a tempo inteiro, através de entrevistas telefónicas a presidentes-executivos, diretores-gerais, diretores financeiros e diretores de operações.
O documento refere que mais de um quarto dos inquiridos “considerou nulo” o impacto das alterações climáticas no seu negócio e 29% admitiu que os furacões, ventos fortes e os tornados são “a principal consequência” das alterações climáticas.
Nesse sentido, os efeitos das alterações climáticas que se traduzem em furacões, ventos fortes e tornados são tidos como sendo “mais críticos” para o negócio dos empresários das PME portuguesas do que para os empresários dos restantes países europeus.
Apesar de mais de um quarto dos empresários das PME portuguesa não contemplar na sua agenda o impacto das alterações climáticas no seu negócio, Portugal “não está sozinho” a este nível, sendo acompanhado pela Itália, Irlanda, Suíça e Áustria. “Os empresários das PME destes quatro países partilham [também] da escassa preocupação em relação a este tema”, esclarece o estudo. As alterações climáticas são, atualmente, uma realidade com as temperaturas a aumentar, os padrões da precipitação a mudar e o nível médio das águas do mar a subir.
No entanto, os impactos são distintos entre regiões, mas a Agência Europeia do Ambiente identificou o sul da Europa e a bacia do Mediterrâneo (devido à vagas de calor e à seca) e as zonas costeiras, deltas e planícies aluviais (por causa da subida do nível médio das águas do mar e do aumento das chuvas intensas, inundações e tempestades) entre as áreas geográficas europeias particularmente vulneráveis às alterações climáticas.
Os empresários portugueses estão ainda preocupados com o calor e a seca, elementos que são apontados por 17% dos inquiridos como sendo o segundo acontecimento climático com “maior impacto” para o seu negócio.
“Portugal é o único país a identificar os furacões, ventos fortes e tornados como primeira preocupação. Entre os oito países auscultados, as inundações são o evento natural que recolhe maior preocupação entre os empresários internacionais, já que estas são indicadas em primeiro lugar pelas PME espanholas, austríacas e alemãs”, refere o documento. Por sua vez, os danos materiais são “os mais temidos pelas empresas portuguesas”, sublinha o documento.
Cerca de 39,5% da PME portuguesas aponta este fator como “o mais preocupante” ao nível do impacto dos eventos naturais no negócio destas empresas. A seguir surge a interrupção do negócio como sendo o aspeto mais focado (22%) e os custos mais elevados em energia/água ocupam a terceira posição nas preocupações (20,5%).
A nível internacional, os danos materiais são também “o impacto mais temido”, sendo apontado em primeiro lugar pelos empresários alemães, irlandeses, espanhóis, suíços e turcos. “Só os austríacos e os italianos revelam-se mais preocupados com a interrupção no negócio”, segundo o estudo.