Pelo menos 15 reclusos dos 48 que se evadiram da cadeia de Inhazónia, na província de Manica, centro de Moçambique, na sequência de um ataque da Renamo, principal partido da oposição, regressaram à penitenciária, anunciou esta quarta-feira o Governo moçambicano.

Falando em conferência de imprensa no final da sessão semanal do Conselho de Ministros, o porta-voz deste órgão, Mouzinho Saíde, disse, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), que os reclusos voltaram, porque fugiram da cadeia por temer pela vida, devido ao ataque do braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

A polícia moçambicana acusou esta quarta-feira a Renamo de vários ataques no centro de Moçambique, incluindo a libertação de 48 reclusos na cadeia de Inhazónia, e um assalto a uma unidade de saúde e a uma companhia agrária.

Homens do braço armado da Renamo invadiram na madrugada de segunda-feira a cadeia aberta de Inhazónia, a norte de Báruè, na província de Manica, facilitando a fuga de 48 reclusos, disse à Lusa Elsidia Filipe, porta-voz do comando da Polícia de Manica, Elsidia Filipe.

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O grupo roubou neste estabelecimento prisional fardamentos dos guardas prisionais, algemas e telemóveis. Não há informação sobre desaparecimento de armas nem a ocorrência de vítimas, segundo a polícia.

Um segundo ataque, na mesma madrugada, prosseguiu Elsidia Filipe, visou o centro de saúde de Honde, um posto administrativo a sul de Báruè – onde está instalada uma posição militar desde o início do atual conflito – onde foram saqueados medicamentos e equipamento clínico.

Uma terceira investida do braço armado do principal partido da oposição foi dirigida contra a Companhia de Vanduzi – dedicada à produção e exportação de hortícolas para a Europa e também próxima de uma posição militar -, de onde foram levadas quatro motorizadas e instrumentos agrícolas.

Ainda segundo a fonte policial, uma unidade das Forças de Defesa e Segurança (FDS) foi deslocada para o terreno para neutralizar o grupo armado, que continuou a provocar instabilidade ao longo da N7, uma das principais estradas do país, que liga as províncias de Manica e Tete.

Também na segunda-feira, homens armados da Renamo atacaram a secretaria de Mississi, no distrito de Mandimba, província de Niassa, ferindo com gravidade um guarda que protegia uma viatura de uma construtora, escreve hoje o jornal Notícias, citando fonte policial.

Além deste ataque no norte do país, a AIM noticiou a ocorrência de um ataque na região de Inhamitanga, centro, contra um comboio da mineira brasileira Vale proveniente de Moatize com destino ao porto da Beira, avançou o comando provincial da Polícia em Sofala.

O centro e o norte do país têm sido palco de confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Renamo, no contexto da atual instabilidade militar, além da troca de acusações de raptos e assassínios.

A Renamo exige governar em seis províncias do centro e norte do país onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frelimo de ter viciado o escrutínio para se manter no poder fraudulentamente.

Representantes das duas partes iniciaram um processo negocial em Maputo, na presença de mediação internacional, ainda sem resultados.