O Banco Central Europeu (BCE) enviou, nesta segunda-feira, uma carta à administração do banco Monte dei Paschi, através do ministro das Finanças de Itália, Pier Carlo Padoan, em que exige a realização de uma operação de recapitalização no valor de 8,8 mil milhões de euros. A informação foi divulgada pelo jornal Il Sole 24 Ore. Os cálculos da autoridade monetária e de supervisão sediada em Frankfurt baseiam-se nos resultados dos testes de stress realizados em julho de 2016.

O número citado excede em 3,8 mil milhões de euros o montante do aumento de capital que a instituição financeira tentou concretizar, sem sucesso, com a participação de investidores privados. O fracasso levou o governo italiano a aprovar um decreto com novas regras para resgates de bancos no país, bem como a constituição de um fundo dotado de 20 mil milhões de euros destinados a apoiar a recuperação do sistema financeiro de Itália.

O órgão de gestão do Monte dei Paschi vai reunir-se ainda hoje para analisar a missiva do BCE, em que se prevê que o Estado italiano injete 4,5 mil milhões de euros no banco, enquanto a restante soma, 4,3 mil milhões, seria suportada através da emissão de obrigações. Uma parte deste valor, equivalente a dois mil milhões de euros, seria destinada ao reembolso dos detentores de obrigações subordinadas, subscritas por clientes do banco junto da respetiva rede de retalho.

No final dos testes de stress realizados pela Autoridade Bancária Europeia, o Monte dei Paschi ficou no último lugar num grupo de 51 instituições financeiras europeias que foi alvo de análise. Os resultados, que foram divulgados em julho passado, revelaram que o terceiro maior banco italiano registou um rácio de capital Tier 1 negativo em 2,44%, o que significa que, num cenário adverso, as perdas sofridas pelo Monte dei Paschi absorveriam a totalidade dos capitais de maior qualidade e a instituição ficaria em situação de insolvência.

O modelo de resgate do Monte dei Paschi, sobretudo no aspeto do recurso a dinheiro dos contribuintes, não é pacífico. O presidente do Bundesbank pediu, nesta segunda-feira, que se analise minuciosamente a situação do banco italiano e recordou que o uso de fundos públicos para resgate bancário só deve ser contemplado “como último recurso”. As novas regras europeias dão prioridade “à proteção do contribuinte” enquanto os investidores devem “assumir a sua responsabilidade”, apontou Jens Weidmann em declarações ao jornal Bild.

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