Chama-se Probe.ly porque a tecnologia que produz funciona como “uma sonda (probe) que entra dentro das aplicações para tentar encontrar vulnerabilidades” na segurança. A definição é de Nuno Loureiro, 41 anos, CEO da startup que nasceu em abril e que, para fevereiro de 2017, quer pôr no mercado um software que permite a qualquer empresa testar a segurança das suas aplicações.

A história da Probe.ly começa no Sapo, há cerca de seis anos. Nuno Loureiro trabalhava no portal há já oito anos como programador e tinha terminado o mestrado em Tecnologias de Informação e Segurança Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa com a Carnegie Mellon University, nos EUA (um programa do governo de José Sócrates com a instituição americana).

Nessa altura, em conversa com Celso Martinho, cofundador do portal, chegaram à conclusão que fazia “muita falta uma equipa de segurança próxima dos programadores dentro do Sapo”, conta Nuno Loureiro ao Observador. Estava assim lançado o desafio. Juntamente com Tiago Mendo (hoje responsável tecnológico da Probe.ly), acabaria por fundar a equipa de segurança do Sapo.

“O Sapo tem muitos sites, com muitas aplicações web. Nós éramos poucos e nessa altura começamos a visionar uma solução do género do Probe.ly que nos fazia falta enquanto equipa de segurança. Se tivéssemos na altura o que o Probe.ly faz hoje, tínhamos o trabalho muito facilitado”, refere Nuno Loureiro.

Seis anos depois, o Probe.Ly venceu a edição de outono do Lisbon Challenge, o programa de aceleração de startups da Beta-i, Associação para a Promoção do Empreendedorismo, e recebeu um investimento de 75 mil euros da Caixa Capital, sociedade de capital de risco do banco público, e a oportunidade de estar presente numa ronda com alguns dos investidores de topo da Europa, no decorrer dos Prémios Caixa Empreender, em fevereiro de 2017.

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O que faz afinal o Probe.ly? Desenvolve produtos de segurança informática, especialmente vocacionados para a segurança em apps. Trocado por miúdos, o Probe.ly quer evitar acessos não autorizados que tenham a intenção de modificar, destruir ou revelar informação crítica. O objetivo é que qualquer programador ou empresa possa proteger as suas aplicações e códigos com resultados mais eficientes (menos falsos positivos, por exemplo, que acontecem quando arquivos comuns são passados a pente-fino pelo antivírus como se fossem uma ameaça apesar não oferecerem qualquer perigo).

“Temos uma versão já funcional, estamos a limar as últimas arestas com o objetivo de daqui a um mês lançarmos uma versão private-beta [para teste]. Temos já uma lista de mais de uma dezena de empresas que querem fazer o private-beta para nesta fase inicial testar a ferramenta. O objetivo é depois lançar o produto no mercado em fevereiro”, refere Nuno Loureiro.

Celso Martinho acabou por abandonar a liderança do Sapo e fundou a Bright Pixel, uma empresa que quer ajudar outras empresas a crescer e desenvolver e que tem investimento da Sonae Investment Management (Sonae IM). No início do ano, Nuno Loureiro abraçou mais um desafio lançado pelo colega e juntou-se à Bright Pixel para criar o Probe.ly, que hoje tem seis pessoas dedicadas ao projeto, todos antigos profissionais do Sapo.

200 mil euros para bater à porta do mundo

A Probe.ly foi ainda uma das 66 startups que venceram o concurso Road2WebSummit, lançado pelo Governo no programa Startup Portugal, e se apresentaram na Web Summit que decorreu no mês de novembro, em Lisboa. “Fizemos uma demo do nosso produto na Web Summit, estivemos a expor durante um dia, o que nos permitiu fazer muitos contactos com potenciais clientes e investidores”, nota. Até ao momento, a Probe.ly já recebeu investimento de mais de 200 mil euros por parte da Bright Pixel e a estratégia está desenhada para ir além fronteiras.

“Vai ser lançado globalmente. O Probe.ly é um produto que está na cloud, a forma como o cliente inicia a relação connosco é simples porque se faz na web. Não é preciso qualquer tipo de integração por parte do cliente. Nós não estamos a olhar para o mercado português, quer dizer, vamos bater à porta de muitas empresas portuguesas, mas desde o dia zero estamos a pensar nisto a uma escala global”, remata Nuno Loureiro.

Sobre o prémio do Lisbon Challenge, Nuno diz que o principal não são os 75 mil euros. São as portas que a Caixa Capital nos pode abrir. E falo da ajuda que nos pode dar na componente não técnica, no go-to-market, na comercialização, na definição de uma estratégia de negócio com pés e cabeça de forma a que, dentro de alguns meses, eles possam apresentar o produto na rede de contactos da Caixa Capital, a investidores internacionais, para conseguirmos obter um financiamento de fora”, considera o CEO da startup.

*Tive uma ideia! é uma rubrica do Observador destinada a novos negócios com ADN português.

Editado por Ana Pimentel