O PSD adverte que o Governo de António Costa só vai cumprir as metas do défice porque recorreu a ganhos extraordinários e fugiu ao próprio plano macroeconómico. A ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou esta quarta-feira que os resultados que do atual executivo só foram conseguidos com “medidas extraordinárias irrepetíveis” e com “um plano B” (o “perdão fiscal”) e um “plano C” (o plano de reavaliação de ativos).

“Tínhamos razão”, atira Maria Luís Albuquerque, que começou por destacar que os ganhos do Plano Especial de Redução do Endividamento ao Estado (PERES) vai significar um encaixe para os cofres públicos “superior a 500 milhões”, o que corresponde a “três décimas do PIB”. Ou seja: “Mostra que o PSD tem razão e teve sempre razão.”

António Costa garantiu, após o último debate quinzenal, que o défice ficará “com conforto” abaixo dos 2,5% do PIB. Maria Luís diz que, a acontecer, isto só é possível porque “aquele que era o cenário macroeconómico inicial, aquele que era o orçamento que foi assinado e aprovado na Assembleia da República, não foi cumprido enquanto tal. E nunca o permitiria, se o fosse, alcançar um défice inferior ao do ano passado.

A juntar às medidas extraordinárias, os resultado do défice, aponta Maria Luís, também estão relacionados, “em primeiro lugar, com uma redução brutal no investimento público, nunca visto desde a década de 50 do século passado“. Para a ex-ministra estes “cortes permanentes da despesa pública” têm tido “resultados muito negativos, que já são visíveis na educação e na saúde, mas também em muitos outros setores dentro da administração pública.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Maria Luís não acredita assim que o Governo consiga voltar a ter bons resultados nos anos seguintes da legislatura, uma vez que “o modelo do governo não consegue promover o crescimento económico”. A vice-presidente do PSD afirma que “é positivo para Portugal que se cumpra a meta do défice, mas a meta do défice não é algo para alcançar apenas num ano“. Ou seja, deve ser “conseguida com medidas sustentáveis”.

Para a deputada social-democrata das medidas que o Governo tem posto em prática “a única coisa que tem efeitos futuros é um aumento estrutural permanente da despesa corrente do Estado”, já “tudo o resto que permite alcançar, ou permitirá alcançar, as metas do défice, não tem sustentabilidade futura.”

Maria Luís aponta ainda o dedo à atual maioria que suporta o Governo por “diabolizar” o anterior Governo por apresentar orçamentos retificativos na Assembleia da República, quando isso se trata de uma forma “absolutamente transparente” de apresentar medidas para cumprir o défice. Já a atual maioria, diz Maria Luís “o faz é optar pela falta de transparência e até de respeito democrático, fingindo que não tem planos B e planos C, que não recorre a nada de extraordinário para obter estes resultados.”