Aliar o design à manufatura portuguesa e apoiar novas ideias de negócio para a indústria da música. Percebendo que “existia, por um lado, uma falha no ecossistema, ao nível do apoio a ideias embrionárias (early-stage) de startups e, por outro lado, que não existia nenhum programa especializado nestas duas áreas”, a Porto Design Factory (PDF) desenhou um programa de aceleração para cada uma destas áreas: o Porto Design Accelerator e o Beta Sound System.

“Ao longo destes anos temos estado em contacto com muitas ideias, muitos projetos de startups interessantes que iam tendo alguma dificuldade em encontrar programas que os apoiassem naquela fase em que a ideia ainda é muito embrionária e precisa de ser testada, de ser desenvolvida”, nota Rui Coutinho, coordenador da Porto Design Factory (PDF), ao Observador.

A instituição lança assim o desafio aos empreendedores que tenham ideias inovadoras nas áreas do design, da manufatura portuguesa, e da música e queiram acelerá-los no Porto. Os programas vão ser apresentados a 3 de janeiro, numa cerimónia que vai contar com a presença do Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos. Nessa data arrancam também as candidaturas que se prolongam até 28 de fevereiro.

“São os primeiros programas verticalizados nestas áreas em Portugal. Avançamos com programas que acabam por ser uma extensão natural daquilo que têm sido até hoje as atividades da Porto Design Factory”, salienta Rui Coutinho. Não nascessem eles no “chão da fábrica” do design, mais ligada ao trabalho industrial, e no seio do Instituto Politécnico do Porto e de uma das suas mais reconhecidas escolas: a Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE).

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De acordo com a PDF, são permitidas candidaturas individuais mas é dada preferência a equipas. As empresas candidatas têm de ter menos de dois anos e podem ou não estar já no mercado, ter vendas e financiamento. Parte da equipa deve estar presente e trabalhar no Porto durante a realização do programa.

Em que consistem os programas de aceleração?

O Porto Design Accelerator está desenhado para aliar o design à manufatura portuguesa, apoiando startups focadas no desenvolvimento de bens de consumo produzidos em setores industriais. O objetivo é transformar ideias em produtos físicos de grande consumo: das infraestruturas urbanas, mobiliário, moda, metalomecânica e moldes, cortiça, cerâmica, ao setor automóvel e aeroespecial, por exemplo. Este acelerador será desenvolvido pela Porto Design Factory, em parceria com o TICE.pt – Pólo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica e com a Câmara Municipal do Porto.

Por sua vez, o Beta Sound System está dirigido para a aceleração de novas ideias de negócio, produtos e tecnologias para negócios orientados para a música: da educação musical, às novas experiências de rádio e broadcasting, novas formas de consumo de música, ou à proteção de direitos de autor, por exemplo. O acelerador foi criado pela Porto Design Factory e pela Casa da Música, com a parceria da Antena 3, “o que permitirá às startups terem um acesso franco aquilo que são os utilizadores finais”, destaca Rui Coutinho, e desenvolver um trabalho próximo com os principais acionistas da indústria musical.

Serão selecionados cinco projetos para cada um dos programas, que começam a ser desenvolvidos a 1 de abril, durante seis meses. Cada programa arranca com uma turma de cinco startups. No entanto, o objetivo, diz Rui Coutinho, é fazer quatro turmas do Porto Design Accelerator e duas do Beta Sound System, o que significa acelerar 30 startups, em cerca de dois anos.

“Os programas de aceleração da Porto Design Factory são temáticos, mais focados em desenvolver um produto físico, tangível”, nota Rui Coutinho.

Os programas estão desenhados para incluir duas fases distintas. A primeira etapa são 12 semanas que serão dedicadas à identificação das necessidades do mercado e dos consumidores e ao desenvolvimento da ideia, do produto, à criação de protótipos e à definição de como será feita a entrada no mercado.

No final dessas 12 semanas, cada startup terá o seu demo day para apresentar os produtos ou serviços desenvolvidos, com o objetivo de as pôr em contacto com o ecossistema, “networking fundamental para ter acesso privilegiado à maior parte dos stakeholders (comunidade crítica, educadores, mentores, especialistas, fabricantes e retalhistas) que são relevantes para a sua área de negócio” e com investidores, capitais de risco e business angels, considera Rui Coutinho.

Na segunda fase do programa, a atenção dos empreendedores volta-se para o investimento, para a produção e para a entrada no mercado, analisando quais são as plataformas de retalho, de distribuição, de crowdfunding [financiamento coletivo], que podem fazer o seu produto chegar ao maior número de clientes.

“Vamos desenhar um programa educativo à medida de cada um dos projetos, em função do estado de maturidade da sua ideia, da área de negócio em que está a operar, das competências da equipa e das que são necessárias. Em cima desse programa, juntamos um conjunto muito alargado de mentores e de especialistas das mais diversas áreas e que serão ajustados em função da área de atividade de cada uma das startups“, explica o coordenador da PDF.