Um tiroteio numa casa de diversão noturna em Istambul fez, neste domingo, pelo menos 39 vítimas mortais e 69 feridos, segundo avançou o ministro do Interior da Turquia, Suleyman Soylu. O ataque aconteceu no clube Reina, localizado na zona de Ortakoy, na margem europeia do Bósforo, durante os festejos de Ano Novo. O estabelecimento é frequentado por celebridades turcas e membros da alta sociedade do país.

Suleyman Soylu afirmou que há 16 estrangeiros entre os mortos já identificados, sem dar detalhes sobre as nacionalidades, e que 69 feridos estão a ser tratados nos hospitais. Contactado pelo Observador, José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, disse que “para já, das informações de que dispomos, não há registo de vítimas mortais” de nacionalidade portuguesa.

O ministro turco Suleyman Soylu disse que o alegado autor do ataque está a ser procurado pela polícia. “Uma caça ao homem, em busca do terrorista, foi montada. A polícia lançou operações. Esperamos que o atacante seja apanhado em breve”, afirmou.

Polícia tem pistas sobre a identidade do autor do atentado

O atacante deixou a arma no local e a polícia tem algumas pistas sobre a sua identidade, afirmou, ao início de tarde de domingo, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim. O responsável acrescentou que não foi confirmada a informação de que o homem estaria vestido de Pai Natal. “Ouvi dizer que o terrorista estava vestido de Pai Natal, mas não é verdade”, afirmou

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Há relatos de que algumas pessoas saltaram para as águas do rio Bósforo para se salvarem. O tiroteio começou quando tinha passado cerca de uma hora depois das doze badaladas. Nas redes sociais existem algumas imagens do acontecimento.

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“Alguns dados começam a aparecer, mas as autoridades estão a trabalhar para alcançar um resultado concreto”, declarou o primeiro-ministro sobre quem poderá ter cometido o ataque na noite de sábado.

De acordo com o governante, há “três ou quatro” feridos em estado crítico, sem revelar mais detalhes. Segundo o francês Le Monde, há três franceses entre os estrangeiros feridos neste ataque. Paris anunciou, entretanto, a morte de um cidadão francês.

O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan já reagiu ao ataque, já esta manhã, e afirmou que estes ataques querem “semear o caos no país”. A reação veio num comunicado divulgado pela Presidência: “Eles operam para baixar a moral do país e semear o caos e escolhem civis como alvo dos seus ataques de ódio.” Erdogan garantiu que a Turquia está determinada a lutar contra os atentados: “Como nação, vamos combater para acabar não só com os ataques armados dos grupos de terroristas, mas também os ataques económicos, políticos e sociais.”

Homem abriu fogo de forma indiscriminada

As primeiras informações deram conta que dois homens vestidos de Pai Natal entraram no estabelecimento, onde se encontrariam 700 a 800 pessoas, e dispararam indiscriminadamente, um pouco antes da 1h30, hora local, 11h30 em Lisboa. Mais tarde, as autoridades revelaram que o ataque foi perpetrado apenas por um atirador. O governador de Istambul declarou que o atacante “disparou de forma cruel e sem misericórdia sobre inocentes que celebravam o novo ano e se divertiam”.

Diversas ambulâncias, 50 a 60 de acordo com o jornal Hurriyet, além de meios policiais, foram mobilizados para o local. A zona foi evacuada num perímetro de três quilómetros. Vasip Sahin declarou ter-se tratado de um ato de terrorismo, mas não nomeou qualquer organização como autora do ataque, nem este foi, ainda, reivindicado. Entre as vítimas mortais conta-se um agente da polícia e um civil que se encontravam à porta do estabelecimento, alvejados antes de o atacante entrar no Reina.

A NTV adiantou que várias pessoas que se encontravam no interior da discoteca se atiraram às águas do estreito do Bósforo para escaparem ao fogo do atacante, que empunhava uma arma automática, e que estariam a ser resgatadas pelas equipas de socorro que se deslocaram para o local. O paradeiro do atirador é desconhecido e as forças policiais, acompanhadas de peritos em explosivos, procederam a buscas dentro do clube noturno.

Uma testemunha citada pela AP, Sinem Uyanik, afirmou ter visto vários cadáveres no interior do Reina. O marido foi ferido durante o ataque. “Antes de ter conseguido perceber o que se estava a passar, o meu marido caiu sobre mim”, afirmou à porta do hospital Sisli, para onde Lutfu Uyanik foi transportado para receber assistência. “Tive que afastar vários corpos de cima de mim antes de conseguir sair”, acrescentou.

Governo turco impõe black out aos órgãos de comunicação

O Governo turco impôs um black out temporário sobre a cobertura noticiosa do ataque, alegando motivos de ordem pública e de segurança nacional. As instruções exigem aos órgãos de comunicação da Turquia que se abstenham de divulgar e publicar o que possa provocar “medo junto do público, pânico e desordem e que possa servir os objetivos de organizações terroristas”. As informações alvo da censura incluem pormenores sobre o momento do ataque, o local do crime, informação sobre as vítimas mortais e os feridos ou “qualquer coisa” relacionada com pessoas suspeitas de estarem envolvidas, incluindo meios de transporte utilizados e o paradeiro.

O ministro da Justiça da Turquia, Bekir Bozdağ, condenou o ataque: “Nenhum ato terrorista destruirá a nossa unidade e a nossa fraternidade”. Também Federica Mogherini, Alta Representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, já reagiu. “2017 começa com um ataque terrorista em Istambul. Os nossos pensamentos estão com as vítimas e com as suas famílias. Continuamos a trabalhar para evitar estas tragédias”, escreveu numa mensagem publicada na rede social Twitter.

Nos Estados Unidos, Barack Obama transmitiu condolências pelas “vidas inocentes perdidas” e ofereceu apoio às autoridades turcas, segundo uma declaração do porta-voz da Casa Branca, Eric Schultz. O presidente norte-americano, que se encontra de férias no Havai com a família, pediu para ser mantido informado sobre novos desenvolvimentos relacionados com o ataque da madrugada deste domingo em Istambul e considerou que o acontecimento foi um “ataque terrorista horrível”.

O departamento de Estado emitiu um comunicado em que declarou “solidariedade” com a Turquia, país aliado na NATO, no combate à ameaça do terrorismo. “Estes ataques apenas reforçam a nossa forte determinação para trabalhar com o governo turco com o objetivo de contrariar a praga do terrorismo”, acrescentou a nota.

As autoridades turcas tinham anunciado a mobilização de 17 mil agentes policiais para garantirem a segurança durante a passagem de ano na cidade, ao mesmo tempo que decidiram encerrar os acessos à praça Taksim, local onde é tradicional a concentração de um elevado número de pessoas para celebrar a chegada do novo ano.

Em 2016, pelo menos 275 pessoas foram mortas em ataques terroristas concretizados na Turquia, reivindicados pelo Estado Islâmico e pelo Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

Estados Unidos condenam “horrível ataque terrorista em Istambul”

Os Estados Unidos da América condenaram hoje o “horrível ataque terrorista” desta madrugada numa discoteca de Istambul, em que morreram pelo menos 35 pessoas e 40 ficaram feridas. O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, Ned Price, acrescentou que o ataque a “inocentes” que celebravam a passagem do ano revela “a selvajaria” dos autores do tiroteio.

Price reiterou ainda o apoio norte-americano à Turquia, aliada dos Estados Unidos na NATO, no combate ao terrorismo. Segundo o porta-voz da Casa Branca Eric Schultz, o Presidente norte-americano, Barack Obama, que está de férias no Havai, foi informado sobre o ataque e vai continuar a acompanhar a situação.

Também a União Europeia já reagiu pela voz da alta-representante para a Política Externa da União Europeia (UE), Federica Mogherini, que lamentou o sucedido. “Continuaremos a trabalhar para prevenir estas tragédias”, disse Mogherini na sua conta do Twitter.

[Correção: os três cidadãos franceses referidos como estando mortos tinham, na verdade, ficado feridos no ataque. Há uma cidadã francesa morta]