Dos hóspedes que se recusam a pagar uma cama extra (porque dormem todos na mesma) aos clientes que exigem ofertas em troca de críticas positivas nas redes sociais, há uma panóplia de comportamentos que certamente dariam para uma saga do filme Grand Budapest Hotel, realizado por Wes Anderson. “Adoro aqueles que querem cancelar uma reserva porque alguém morreu, mas ao saber que a reserva não é reembolsável, já não têm qualquer problema em perder o funeral e dizer que, afinal, vêm na mesma”, desabafou um profissional espanhol de hotelaria ao El País. Em Portugal, quem trabalha em hotéis dá por si a mudar a configuração dos quartos, a pintar as suas paredes e a explicar que “não, não se pode trocar o pequeno-almoço pelo jantar”.

Recolhemos testemunhos de profissionais de hotelaria* para descobrir, recorrendo ao humor, os comportamentos dos hóspedes que consideram irritantes ou engraçados. Dos grandes aos pequenos hotéis e resorts, de norte a sul do país, conheça as queixas mais caricatas que se ouvem atrás dos balcões portugueses:

No momento das reservas:

  • “Adoramos aqueles clientes que nos pedem um quarto duplo com uma cama extra para criança e quando questionamos a idade nos indicam 25 anos.”
  • “Há também aqueles clientes que dizem já ter viajado por todo o mundo e nunca lhes ter sido pedido o cartão de crédito como garantia.”
  • “Clientes que viajaram por vários hotéis e nos pedem um quarto twin com cama de casal e, mesmo depois de explicarmos que se trata de um quarto com duas camas, insistem que preferem um quarto twin com cama de casal.”
  • “Já nos aconteceu o manager de uma celebridade internacional tratar de reservar uma suite para a estadia em Portugal, com toda a comitiva. Alguns dos pedidos, que deveriam estar preparados à chegada do cliente, passavam por pintar as paredes do quarto, bordar o nome nos lençóis e até comprar rebuçados de mentol internacionais.”
  • “E já aconteceu perguntarem se ainda conta como estadia chegar depois da meia noite.”
  • “Achamos piada quando os clientes dizem que não podem ficar num certo piso ou num quarto de um certo número e fazem pedidos relativamente à configuração do quarto. Por exemplo, a cama ter de estar do lado esquerdo quando se entra no quarto.”

Ouvido no check-in:

  • “Ouvimos quase todos os dias: ‘Não nos oferece nada? Deviam oferecer uma massagem, já que é um cinco estrelas. Ou me oferece algo ou irei escrever mal do hotel nas redes sociais e no TripAdvisor’.”
  • “Adoramos aqueles clientes que nos perguntam se podem trocar o pequeno-almoço por um jantar no hotel porque vão sair muito cedo de manhã.”
  • “Clientes com uma terceira pessoa (normalmente um adulto) que se recusam a pagar cama extra porque dormem todos na mesma cama.”
  • “É incrível quando reservam um quarto para dois adultos e trazem uma criança. Quando mencionamos que terá de pagar a cama extra das crianças, respondem que pensavam que a criança não pagava porque o hotel é child friendly (adequado para crianças).”
  • “Perguntam-nos sempre, por exemplo, em que andar fica o quarto 923 mesmo que na hotelaria o primeiro número indique sempre o piso do quarto.”

Na hora do pequeno almoço:

  • “Uma situação bastante irritante é quando dizem que já viajaram por todo o mundo e nunca pagaram pelo pequeno-almoço no quarto.”
  • “É o cúmulo quando dizem: ‘A animação na piscina é ridícula, acorda-nos às 11h da manhã’.”

Mesmo à saída do hotel:

  • “Como concierge perguntam-me a toda a hora se vai chover, qual é a temperatura lá fora e se eu acho que devem levar casaco ou se basta uma camisola porque vão passar o dia todo fora.”
  • “Quando reclamam porque, alegadamente, só em Portugal é que não podem levar as crianças para o spa do hotel.”
  • “Há um grupo de pessoas que saem muito zangadas porque jantou um menu de degustação no restaurante do hotel e as doses eram muito pequenas.”

*Os testemunhos são anónimos, a pedido dos hotéis contactados.

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