A jogada é quase tirada a papel-químico da do primeiro golo. Estávamos no recomeço do jogo (50′) e o Benfica vencia ao intervalo por 2-0. Vindo da direita, Chico Soares entrou na área, entrou pela linha de fundo, deixou André Almeida “aos papeis” e cruzou para trás, para longe dos centrais do Benfica. Atrás estava Paolo Hurtado, que vinha embalado e rematou de primeira. Mas o corpo inclinou-se em demasia e a bola subiria, tanto, mas tanto, que saiu para lá da barra. O Vitória não reduziu a desvantagem. É que não é Jonas quem quer…

Contado o golo que não o foi, meta-se uma moedinha na máquina do tempo e recuemos até ao minuto 19 e ao primeiro golo do V. Guimarães-Benfica, autoria de Jonas. Calma. Recuemos mais ainda — afinal, a moeda é minha. Até ao dia 15 de maio de 2016. Jogava-se na Luz o Benfica-Nacional e, vencendo, o Benfica sagrar-se-ia campeão. Pela terceira vez em três épocas. Venceu. E Jonas, como de costume, fez o golinho da ordem. Curiosamente, seria o último que faria no campeonato, pois lesionar-se-ia no osteofito do astragalo direito, uma lesão do pioro, que pior ficou com a infeção e Jonas só a pouco e pouco regresaria. O jogo em Guimarães foi apenas o quarto a contar para o campeonato que realizou esta época. Não molhou a sopa em nenhum dos outros. Molharia hoje.

A contenda até estava a ser repartida, não havia jeito de se resolver, ora contra-atacas tu, ora contra-ataco eu, mas quem marcou primeiro foi mesmo o Benfica. A meio-campo, Mitroglou disputou a bola com Ghislain Konan, ganhou (de calcanhar) a disputa e prontamente desmarcou Salvio na direita. O argentino correria flanco fora, entrou na área pela esquina, trocou as voltas a Pedro Henrique na linha de fundo e cruzou para trás. A chegar à pequena área estava Jonas, que rematou forte e colocado para o primeiro golo da tarde. Sem espinhas.

O Vitória não se ressentiu. E continuou a discutir taco-a-taco o resultado. Mas novamente foi o Benfica a estar mais próximo de chegar ao golo. Aos 36′, Douglas evitou-o. Tudo começou num livre à esquerda, ainda distante da área e coladinho à linha. Estavam de volta da bola Pizzi e Cervi, mas seria o argentino a bater de canhota, um cruzamento longo e para a molhada. Lá, ninguém do Benfica desviou para a baliza, ninguém do Vitória a cortaria também. Sobrou para o segundo poste, para Lindelof, que a recuou de cabeça para entrada da área, Salvio cruzaria de primeira para o poste contrário, a defesa do Vitória foi apanhada em contra-pé, não conseguiu colocar Mitroglou em fora-de-jogo, rematando o grego acrobaticamente, todo no ar. Douglas foi defender o remate rente ao poste esquerdo para canto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Não marcou aí Mitroglou, marcaria aos 42′. Mas este golo vai fazer correr muita, muita tinta. O costume, portanto.

Tudo começou num ataque do Vitória. Chico Soares sofreu falta (repetidamente, até ostensivamente, sempre a ser puxado pelas costas na camisola) de Lindelof a meio-campo, ficou caído no relvado, primeiro a protestar com o árbitro de pé, depois tombado sobre o relvado e com as mão a cobrir a face. Mas a bola estava do lado do Vitória e Nuno Almeida deu a lei da vantagem. Fez bem. Seguiria a bola para a esquerda, até Raphinha, que rapidamente a perderia para Nélson Semedo. A vantagem fez-se desvantagem — e o árbitro não tem disso culpa. Contra-atacaria o Benfica. Soares continuava caído no meio-campo defensivo do Vitória, os da casa pediam ao árbitro que interrompesse o jogo, mas este não interrompeu, a bola seguiu de Semedo para Jonas, Jonas desmarcou Mitrolgou na área, nas costas de Josué, e o grego rematou rasteiro e colocado para o segundo.

O Vitória protestou a falta de fair-play, o Benfica festejou… e Lindelof viu o cartão amarelo pela falta sobre Soares.

Na segunda parte, apenas há a contar (e contei logo no começo) o remate de Hurtado. Tudo o mais foi uma real pasmaceira, com o Benfica a circular a bola, serenamente, longe da baliza de Douglas e perto da de Ederson — o guarda-redes do Benfica tocou mais vezes na bola do que muitos jogadores do Vitória –, os da casa tinham os bofes de fora na hora de pressionar e, assim, o Benfica alargou (à condição) a vantagem para FC Porto e Sporting.

Em relação aos portistas são já sete os pontos de vantagem; quanto ao rival de Lisboa, onze. Para estes dois, que só mais tarde vão a jogo, perder pontos será quase entregar (apesar do que ainda falta jogar) o tetra na Luz.