A França teme que o episódio dos ciberataques durante as eleições presidenciais dos EUA se possa vir a repetir nas eleições francesas, no próximo mês de abril. De acordo com declarações do ministro da Defesa Jean-Yves Le Drian, ao Le Journal du Dimanche, citadas pelo El Mundo, a campanha presidencial de França oferece grandes oportunidades para os hackers difundirem informação falsa dos candidatos à corrida eleitoral. “É importante que a França preserve a soberania de decisão e autonomia de ação, o que pressupõe um reforço dos nossos meios. Podemos ter aliados, mas não podemos depender de ninguém”, afirmou Le Drian, quando questionado acerca de uma possível interferência russa nas eleições.

O ministro da Defesa considerou ainda que todos os ataques informáticos são perigosos, mas quando provêm de um Governo estrangeiro “constituem uma interferência intolerável”.

O relatório dos Serviços de Inteligência dos Estados Unidos sobre a pirataria russa nas presidenciais dos EUA, alertou para o facto da “Rússia já ter tentado influenciar as eleições em toda a Europa”, revela Beatriz Juez, correspondente do El Mundo. “Pensamos que Moscovo poderá aplicar o que fez na campanha eleitoral dos EUA em futuras interferências nos Estados Unidos e em todo o mundo, incluindo contra os seus aliados e os seus processos eleitorais”, afirma Juez.

Le Drian recorda também os 24 mil ataques informáticos frustrados de que o seu departamento foi alvo em 2016, alguns com o objetivo de manipular drones militares, salientando que todos os partidos políticos foram avisados para tomar medidas de precaução devido ao risco de uma possível intrusão nos seus computadores.

Também em 2015 a TV5 Monde, uma estação televisiva francesa, esteve mais de duas horas sob o controlo de um grupo desconhecido de piratas informáticos, que fez com que fossem emitidas mensagens jihadistas. Ao mesmo tempo, na página oficial do Facebook da estação francesa, apareceram bilhetes de identidade de membros do exército francês, que supostamente participaram na guerra contra o Estado Islâmico. Os prejuízos da TV5 Monde foram superiores a cinco milhões de euros e veio a descobrir-se que os hackers, que inicialmente se identificaram como jihadistas, eram de nacionalidade russa, conta o El Mundo.

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