Quando chegou à ilha de Lesbos, a 24 de fevereiro de 2016, Zafir era a refugiada mais velha que ali estava. Tinha 116 anos — mais do que o próprio estado do Iraque, onde nasceu a 1 de julho de 1990 –, e escapar do Estado Islâmico foi apenas mais uma das batalhas que enfrentou ao longo da vida, marcada por duas guerras mundiais e dezenas de conflitos no Médio Oriente. Ao jornal espanhol El Mundo, Zafir conta que o segredo da sua longevidade é “ter um espírito de criança durante toda a vida, e permanecer com a família inclusivamente depois de crescer”.

Foi o filho, Barakat, a sua mulher e os seus cinco netos que levaram Zafir até à ilha grega, onde se alojaram num acampamento com mais de 6.000 refugiados. Desde o dia em que chegou a Lesbos, passou por vários outros acampamentos na Grécia, acabando no de Nea Kavala, junto à fronteira com a Macedónia — onde se viu obrigada a parar a sua fuga por esta estar fechada.

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Por ser uma pessoa com muitas dificuldades, foi levada pelas autoridades para um edifício especial num outro acampamento, onde viveu mais de quatro meses. De lá saiu para Atenas, onde a família está neste momento a preparar-se para voar para a Alemanha, ainda este mês.

A organização não-governamental Yazda, que luta pelos direitos da comunidade Yazidi, uma minoria religiosa que habita na Síria e no Iraque, foi a principal responsável pelo apoio a Zafir. “Comecei os preparativos para a retirar da Grécia numa viagem que fiz, em julho do ano passado, quando me dei conta da enorme dificuldade de obter um visto humanitário para ela”, explica Kristina, uma voluntária da Yazda ouvida pelo jornal espanhol. Foi quando se encontrou com uma delegação alemã no campo de refugiados que a voluntária conseguiu colocar Zafir em contacto com o GRC (Greek Refugee Council), que chegou finalmente a uma solução para a refugiada mais velha do Iraque.

O GRC, que tem mais de 60 mil pedidos de asilo pendentes de refugiados que estão na Grécia, vai agora alojar Zafir e a família na Alemanha.