O herdeiro do grupo Samsung, Lee Jae-yong, declarou que a Presidente sul-coreana Park Geun-hye pressionou a sua empresa para que doasse dinheiro a fundações ligadas ao escândalo de corrupção que abalou o país, informou, esta sexta-feira, o Ministério Público. A afirmação de Lee aconteceu durante um interrogatório de 22 horas a que foi submetido por um grupo de investigadores encarregues do caso, e pode resultar em consequências penais, segundo explicou um representante do ministério sul-coreano à agência Yonhap.

“Tendo em conta outros precedentes, incluindo o suborno que aconteceu sob pressão, o doador seria castigado”, disse o funcionário, acrescentando que em todo o caso a pressão alegadamente exercida pela Presidente Park Geun-hye pode constituir um “fator atenuante”. No mês passado, Lee tinha negado no parlamento qualquer pressão por parte da Presidente para fazer doações a entidades ligadas a Choi Soon-sil, apelidada de “Rasputina” devido à sua proximidade e influência sobre Park Geun-hye.

O Ministério Público acredita que a Samsung assinou um contrato de 22 milhões de wones (cerca de 17,5 milhões de euros) com uma empresa com sede na Alemanha, que era propriedade de Choi, e deu também apoio financeiro para que a sua filha ali praticasse hipismo e adquirisse cavalos. O grupo também doou 20.400 milhões de wones (16,3 milhões de euros) a uma fundação alegadamente controlada por Choi e estabelecida para extorquir grandes conglomerados do país.

O Ministério Público suspeita que os pagamentos tenham sido feitos para que o Serviço Nacional de Pensões, controlado pelo Governo e acionista de uma empresa do grupo, aprovasse a fusão desta e outra subsidiária da Samsung apoiada pela família Lee mas fortemente criticada por um fundo de alto risco. O porta-voz do Ministério Público, citado pela agência Yonhap, esclareceu que Lee negou a maioria das acusações que pesam sobre o grupo de empresas e ainda não está decidida a sua possível detenção, o que representaria um duro golpe para a Samsung. O caso “Rasputina” gerou uma onda de indignação na Coreia do Sul e levou o parlamento a destituir a Presidente Park Geun-hye, que espera agora que o Tribunal Constitucional decida sobre a ratificação da destituição.

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