O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reuniu esta sexta-feira com o PS — no âmbito das conclusões do congresso comunista — e aproveitou para avisar os socialistas que não vai recuar na Taxa Social Única, criticou a incoerência do PSD e voltou a defender a renegociação da dívida e a nacionalização do Novo Banco. “Não concordamos com a nacionalização temporária. Não pode acontecer os portugueses ficarem com os ossos e o bife do lombo voltar para as mãos do capital”, atirou Jerónimo à saída da reunião com o socialistas.

O secretário-geral do PCP defende que é preciso “defender o terceiro maior banco do país” e “manter o Novo Banco na esfera pública”. Jerónimo de Sousa defende que é “importante para economia que o banco continue no controlo público” e rejeita que acha “uma repetição do que se passou no BPN. De nacionalizar os prejuízos e depois passar para o setor privado.”

Quanto à Taxa Social Única, o líder comunista diz que não coloca em causa o acordo com o PS, já que “o PCP, coerentemente, não só com este Governo, mas em anteriores governos sempre esteve contra a redução da TSU“. Jerónimo de Sousa defende que a medida teria um efeito “profundamente negativo” porque as empresas “tenderão a servir-se do salário mínimo nacional como referência para os salários e para o aumento dos salários”.

Quanto a “haver aqui uma tensão entre nós e o PS”, o líder do PCP faz questão de lembrar, em relação à concertação social, que “quem decide do aumento do salário mínimo nacional e, consequentemente, a outras medidas é o Governo, ouvido o conselho da concertação social. Não é uma decisão do conselho da concertação social, ouvido o Governo e à margem da Assembleia da República. Portanto, aquilo que o PCP está a fazer é aquilo que é lógico.”

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Além disso, Jerónimo de Sousa lembra: “Se fosse só esta a divergência [que temos com o PS], estaríamos bem.” Para o secretário-geral do PCP “é importante clarificar isto: o grau de compromisso que está na posição conjunta é que define o grau de convergência.” O comunista voltou a destacar que “não há um acordo parlamentar, não há um governo de esquerda, não há um governo de esquerdas, é um governo do PS, que o PCP se compromete em termos de posição conjunta, mas o direito à divergência diária e à diferença é inalienável, tendo em conta que os dois partidos nessa posição conjunta identificaram essas diferenças”.

Quanto ao facto do PSD assumir que aprovará a revogação da descida da TSU, Jerónimo diz ser “um exercício difícil de compreender.” Isto porque, “enquanto nós afirmamos uma posição coerente desde o princípio, o PSD anda de lá para cá. É um problema do PSD junto da opinião pública.”

O PCP disse ainda que, apesar das divergências, não há “a necessidade de uma outra posição conjunta”, já que mesmo no atual compromisso “há situações aí que continuam a ter necessidade de respostas.” O que falta, no entender de Jerónimo, não é uma posição conjunta, mas sim “medidas concretas”. Os comunistas voltaram a insistir, junto da direção do PS, na necessidade do país avançar para a renegociação da dívida.