O Governo português participa na conferência sobre o processo de paz no Médio Oriente, domingo em Paris, associando-se à posição “largamente partilhada pela comunidade internacional” que defende a retoma do diálogo para o estabelecimento dos estados de Israel e Palestina.

Portugal será representado na conferência internacional, promovida pela diplomacia francesa, pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Teresa Ribeiro.

O objetivo do encontro é “manter o processo de paz no Médio Oriente como prioridade cimeira na agenda internacional, reafirmar a centralidade da solução dos dois Estados – Israel e Palestina – e identificar medidas que possam incentivar essa solução”, disse à Lusa a governante, que reiterou a posição portuguesa sobre este conflito.

“Entendemos que há uma necessidade imperiosa de resolução do conflito israelo-palestiniano para a pacificação regional e para a segurança global, com particular incidência na segurança da Europa. É absolutamente indispensável ultrapassar o atual impasse político e, portanto, retomar o diálogo e restabelecer perspetivas de paz e dar um sinal de esperança aos israelitas e aos palestinianos”, afirmou.

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Questionada sobre as expectativas para esta reunião, que Israel já criticou, Teresa Ribeiro afirmou que a iniciativa “pretende marcar uma posição largamente partilhada pela comunidade internacional e mais uma vez apelar para que se encontre uma solução de paz que seja aceite” por ambos os lados.

Apesar de nem Israel nem a Palestina participarem no encontro, a ideia, explicou a secretária de Estado, “é que possam depois ser mobilizados para o seu seguimento”.

Sobre os Estados Unidos, país tradicionalmente aliado de Israel, e as posições já manifestadas pelo próximo Presidente, Donald Trump, de apoio às autoridades israelitas, Teresa Ribeiro afirmou que “a comunidade internacional reafirma a posição, que é sua há muito tempo, cumprindo o papel que lhe cabe”.

“Depois veremos qual será a reação dos Estados Unidos”, disse, sublinhando que Washington é “um parceiro indispensável na negociação deste conflito”.

Questionada sobre a posição do Governo português relativamente ao reconhecimento do Estado da Palestina, recomendada pelo parlamento em dezembro de 2014, a secretária de Estado insistiu que Portugal “seguirá o consenso europeu”.

O Presidente francês, François Hollande, declarou que o objetivo da conferência de domingo é “reafirmar o apoio da comunidade internacional à solução de dois Estados (israelita e palestiniano) e fazer que esta solução seja a referência” para a solução do conflito, com mais de 70 anos.

“Ao mesmo tempo, mantenho a lucidez sobre o que pode trazer esta conferência. A paz será feita pelos israelitas e palestinianos e mais ninguém. Só negociações bilaterais podem resultar”, reconheceu o chefe de Estado francês.