O antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes, classificou este domingo a posição do PSD de votar contra a descida da TSU (taxa social única) para patrões (acordada em concertação social), como “absolutamente incompreensível” e um “monumental tiro no pé” que se pode tornar no “maior erro de Passos Coelho desde que está na oposição“. No seu comentário semanal na SIC, Marques Mendes fala numa “grande incoerência do PSD” e do fim da imagem de Passos como um político “responsável” e “com sentido de Estado”.

O antigo líder social-democrata lembrou que o PSD “sempre foi o partido que deu mais atenção à concertação social” e, com esta decisão, “dá uma machadada na concertação social, mata o acordo e mata em grande medida a história do PSD.

Na última quinta-feira, depois de uma reunião da bancada parlamentar, o PSD anunciou que não vai apoiar o Governo na redução da TSU, caso a esquerda faça o que prometeu e leve essa medida à apreciação parlamentar. Bloco de Esquerda e Verdes disseram que iriam fazê-lo logo no dia seguinte a ter saído fumo branco da concertação social para o aumento do salário mínimo, por discordarem da contrapartida dada aos patrões.

Quanto à “grande incoerência”, Marques Mendes justifica com o facto de o PSD ter, em 2012, defendido a descida da TSU para patrões, de o ter feito em 2014 no governo, num acordo “igualzinho”, e, também, em 2016, num caso que ainda não tinha sido lembrado publicamente.

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Na última quinta-feira, à saída da reunião da bancada, o líder parlamentar social-democrata, Luís Montenegro, defendeu-se: “Nós não somos incoerentes porque o que foi feito, apenas e só em 2014, tinha como quadro uma medida que era aplicada só um ano e, simultaneamente, com o compromisso dos parceiros que, nos anos subsequentes, o aumento do SMN [salário mínimo nacional] teria por base outros fatores como inflação, crescimento e produtividade.”

O “apenas e só” foi, afinal, repetido no ano passado. O Governo aprovou a 8 de março a continuidade da descida da TSU para patrões em 0,75 pontos percentuais como forma de compensação da descida do salário mínimo. O PCP pediu, depois, a apreciação parlamentar. E o que fez o PSD? Absteve-se, tendo viabilizado a medida. Marques Mendes fez, até, alusão no programa à apreciação parlamentar, que o Observador recuperou.

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Votação na reunião plenária, de acordo com o site do Parlamento

Marques Mendes exorta, ainda, Passos Coelho a justificar como “mudou de opinião em oito meses”, acusa o líder do PSD de fazer dos deputados “um verbo de encher” e define a liderança com o mesmo termo que o líder do PSD terá um dia atribuído a Marcelo Rebelo de Sousa: “cata-vento

O antigo presidente do PSD antecipou que o diploma deverá chegar amanhã a Belém e ser promulgado pelo Presidente da República. Marques Mendes considera que o PSD sai “desgastado” desta “politiquice” e diz que “Passos Coelho, que teve sempre uma boa imagem, de político responsável, com sentido de Estado, está a perdê-la.”