Tudo apontava para 2025, ano em que está já previsto que todos os veículos a gasóleo sejam impedidos de transitar nas ruas madrilenas. Mas o calendário parece-se apertar-se (bastante) e o âmbito das medidas antipoluição alargar-se a cada vez mais visados, à medida que se agudizam os problemas com a qualidade do ar que se respira na capital espanhola.

Em declarações a uma rádio local, a Cadena Ser, a edil da cidade, Manuela Carmena, reconheceu que está seriamente a ponderar banir todos os veículos particulares do centro da cidade. A autarca confirmou mesmo que a principal avenida madrilena, a Gran Vía, deverá passar a poder ser acedida apenas por bicicletas, autocarros e táxis antes de terminar o seu mandato – o que acontece em meados de 2019. Precisando o que pretende fazer, Manuela Carmena deu o exemplo da Gran Vía de Bilbau (Gran Vía Don Diego López de Haro), cujo processo para se tornar mais amiga dos peões – e do ambiente – foi iniciado em 2000, com o troço que liga a Praça Moyúa à Praça Circular a ser vedado à entrada de veículos particulares, só aí podendo circular táxis, autocarros e peões.

Só que, no caso de Bilbau, estamos a falar de uma interdição parcial, que afecta 400 metros dos 1,5 km da Gran Vía Don Diego López de Haro. No caso de Madrid, os números e a ambição são bem diferentes. A Gran Vía madrilena compreende seis faixas de rodagem, três para cada sentido, que atravessam o centro da cidade, desde a Rua de Alcalá até à Praça de Espanha.

A intenção de Manuela Carmena é a de proibir a circulação de todos os veículos particulares, de uma ponta à outra. Convertendo as bicicletas e os transportes públicos nas únicas alternativas para quem se pretende por aí deslocar, que não a pé.

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Confrontada pelo jornalista se terá ou não possibilidade de o fazer, por completo, até ao final do seu mandato, a autarca disse acreditar que sim. E mais, argumentou que a experiência natalícia – em que a via em causa esteve vedada ao trânsito durante nove dias – saldou-se em poucas sanções e num aumento estimado em 15% dos lucros por parte dos comerciantes locais.

Segundo a governante, o principal objectivo desta medida é combater a poluição, ao mesmo tempo que pretende converter a capital espanhola numa cidade mais amiga dos peões e do ar que respiram. Tendência em linha com cidades como Copenhaga, onde se prevê que fique concluída em 2019 uma megaciclovia, que conduz ao centro urbano.

Recorde-se que Oslo, Hamburgo, Paris, Barcelona e Cidade do México estão já a trabalhar em medidas similares para limitar a circulação de automóveis com motores a combustão. Nada que se compare, em termos de escala, com o que Madrid pretende fazer.