A agência de rating Standard & Poor’s (S&P) espera que a banca portuguesa mantenha prejuízos em 2016, pelo sexto ano consecutivo, e muito provavelmente este ano. Numa nota sobre o setor bancário, a S&P reviu em baixa a sua tendência para a banca portuguesa que passou de positiva para estável, considerando que o sistema bancário nacional vai continuar a lutar para conseguir melhorar a sua rentabilidade e eficiência.

“Todos os bancos de grande dimensão, com a exceção do Santander Totta, estão a sofrer uma reestruturação significativa, bem como mudanças na gestão e a na estrutura de controlo”. É uma referência aos casos da Caixa Geral de Depósitos, BPI e BCP, ainda que no caso do Millennium, a S&P admita uma subida de rating, caso o aumento de capital de 1.300 milhões de euros seja bem sucedido.

“Em contraste com as expetativas prévias, agora antecipamos que o sistema bancário português vai continuar a apresentar prejuízos em 2016” e o mais provável é que essas perdas continuem em 2017. A agência nota que a capacidade de gerar ganhos continua sob uma forte pressão, num contexto de baixas taxas de juro, estagnação do negócio e um conjunto vasto de ativos problemáticos.

Os ativos problemáticos “não só falham na geração de receitas, mas também obrigam a custos elevados de provisionamento”. Além disso, os bancos portugueses ainda têm de reduzir as suas grandes estruturas operacionais. O resto do retrato da banca é composto por problemas de gestão e conflitos entre os maiores acionistas, que “também se tornaram evidentes” nos últimos tempos. E estes problemas, diz a S&P, diminuem a capacidade de foco e de direção, com muitos bancos a manter questões pendentes e significativas por resolver. A saber:

  • A Caixa Geral de Depósitos anunciou um plano de recapitalização significativo, mas está a ser escolhida uma nova administração que ainda não foi anunciada.
  • O BCP aprovou a entrada e reforço de um novo acionista, a Fosun, e anunciou há poucos dias um grande aumento de capital.
  • O BPI continua imerso na oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo CaixaBank que ainda não se concretizou, assegurando o controlo ao banco espanhol.
  • A venda do Novo Banco continua a marcar passo depois de dois anos de tentativas, e o mais provável é que o seu valor comercial tenha enfraquecido.

Estas dificuldades pesam na perceção dos investidores sobre os riscos e constrangimentos dos bancos e da sua capacidade para obter financiamento nos mercados externos, conclui a Standard & Poor’s, que prevê ainda que o crédito malparado irá cair apenas de forma gradual em 2017 e 2018.

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