Tudo começou com a Agência de Protecção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos a acusar a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) de instalar dispositivos nos motores 3,0 turbodiesel, com o propósito de adulterar as emissões em situações de teste. Sendo que, agora, são as autoridades da Alemanha que, segundo avança o Automotive News Europe com base numa notícia do Bild am Sonntag, a prometer banir do mercado todos os modelos Fiat que não cumpram os regulamentos.

Esta posição foi assumida pelo ministro dos Transportes alemão, Alexander Dobrindt, o qual já defendeu também que a Comissão Europeia (CE) deve garantir que todos os automóveis Fiat que venha a provar-se estarem nestas condições devem ser impedidos de comercialização.

“As autoridades italianas sabem há já vários meses que a Fiat utiliza, segundo os especialistas nesta matéria, dispositivos ilegais que alteram os valores das emissões”, acusa o mesmo responsável político, ao mesmo tempo que garante que “a Fiat tem recusado até momento ajudar ao esclarecimento [desta questão], pelo que [a Comissão Europeia] deve garantir a recolha total destes veículos “.

Em resposta a estas declarações, o ministro dos Transportes de Itália qualificou já de “incompreensíveis” as acusações alemãs, garantindo que o Governo a que pertence tem cooperado com a CE.

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“Temos pedido repetidamente às autoridades italianas para que avancem com argumentos convincentes, o mais rapidamente possível”, afirmou a CE, por seu lado, recordando que está, neste momento, “a fazer exactamente aquilo que era pedido há muito tempo: falar mais uma vez com os italianos”.

O organismo ambiental DUH também assegura que, por exemplo, as motorizações 2,0 litros turbodiesel que equipam o Fiat 500X estão igualmente acima do legalmente permitido, em termos de NOx. Acusação que, aliás, faz igualmente a modelos de outras marcas, como o Opel Zafira, o Renault Espace e o Mercedes-Benz Classe C.

Entretanto, a Autoridade Federal para os Transportes da Alemanha (KBA) terá apurado igualmente que o sistema de tratamento de emissões num determinado modelo Fiat não-identificado terá ficado aquém da eficácia exigida, após ter submetido a viatura a um teste mais longo (22 minutos, contra os tradicionais 20) do que à partida está padronizado.

Recorde-se que o jornal Bild am Sonntag já havia noticiado que a Bosch, empresa de fornecimento de componentes automóvel, terá informado os investigadores alemães de que também a Fiat utilizaria um mecanismo especial que virtualmente desligava os filtros de retenção de partículas. Embora, nessa altura, não tenha ficado claro se o sistema não faria parte da solução tecnológica que redirecciona os gases de novo para a combustão, ajudando ao aquecimento do motor, a um melhor desempenho e a uma maior eficácia, ao mesmo tempo que evita os malefícios da condensação.

As ameaças agora proferidas pelas autoridades alemãs surgem depois da EPA ter acusado a FCA, proprietária da Fiat, de instalar um dispositivo ilegal nos motores 3,0 litros turbodiesel, de forma a falsear o nível de emissões. Algo que o CEO da FCA, Sergio Marchionne, se apressou a desmentir, garantindo tratar-se de uma acusação sem qualquer sentido. “Não existe qualquer aspecto em comum entre aquela que era a realidade da Volkswagen e aquilo que tem vindo agora ser noticiado”, assegurou Marchionne, acrescentando que, “quem quer que acredite nas últimas notícias, só pode ter estado a fumar substâncias ilegais”.