O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais otimista quanto ao crescimento da economia mundial nos próximos anos, em parte devido ao impacto esperado dos planos de Donald Trump, mas não o suficiente para rever em alta as previsões que fez em outubro passado. A organização liderada por Christine Lagarde espera que a economia mundial cresça 3,4% este ano e 3,6% em 2018.

Poucos são os detalhes conhecidos dos planos de Donald Trump para a economia norte-americana, mas os estímulos esperados naquela que é a maior economia do mundo já são suficientes para aumentar o otimismo do FMI para a economia norte-americana, cujo crescimento esperado é revisto em alta em uma décima este ano e em quatro décimas em 2018.

Mas a incerteza ainda é muita e, por isso mesmo, o Fundo avisa que é preciso esperar para perceber qual é o plano do próximo Presidente dos Estados Unidos e que impacto ele pode ter na sua economia e nas restantes.

Mas não é só dos Estados Unidos que surgem boas novas. A China, a segunda maior economia do mundo, também está a crescer mais e deve continuar a melhorar as suas perspetivas em 2017, ano em que o FMI espera que o crescimento atinja os 6,5%, mais três décimas que o previsto em outubro.

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O crescimento acima do esperado em outubro é também, no caso da China, resultado de estímulos económicos decididos pelo governo. Mas os estímulos prolongados à economia chinesa, diz o FMI, podem estar a criar desequilíbrios e deixar a China mais exposta a choques repentinos, como uma deslocalização dos fluxos de capital para outras economias em caso de instabilidade externa.

Reino Unido, Espanha e Japão também tiveram revisões em alta do crescimento esperado, sendo que no caso de Reino Unido e Espanha se devem a resultados melhores ainda em 2016 (no terceiro trimestre, os dados mais recentes).

A melhoria das perspetivas nas economias desenvolvidas e na China não chegam para melhorar a previsão para a economia mundial porque as economias emergentes não estão a acompanhar o movimento, em especial algumas economias da América Latina que já estão em recessão, casos da Argentina e do Brasil.

O México também viu as previsões feitas pelo FMI serem revistas em baixa devido aos receios do impacto no país vizinhos dos Estados Unidos de algumas das políticas de Donald Trump, que já disse publicamente que pretende taxar de forma elevada as empresas norte-americanas que deslocalizarem a sua produção para o México, assim como rever o NAFTA, o acordo de comércio com os países da América do Norte, que inclui o México.

A Turquia também deve crescer menos nas contas do FMI, resultado da queda do turismo, uma importante receita do país que tem sido alvo de sucessivos ataques terroristas, concentrados em Istambul e na capital Ancara.

Por tudo isto, o FMI não muda as suas previsões e também não muda a receita para resolver o problema. As economias com margem orçamental devem investir, em especial em infraestruturas, a política monetária deve continuar flexível e a usar todos os instrumentos necessários, convencionais ou não, e os países cujas economias já estão a crescer no máximo do seu potencial devem colocar os olhos no futuro e fazer investimentos em infraestruturas de alta qualidade e remodelar os seus impostos de forma equitativa.

Para quem não tem margem orçamental, a receita também se mantém: os recursos devem ser reorientados para políticas mais amigas do crescimento.