A discussão vem das épocas que Jorge Jesus passou no Benfica e continua a dividir opiniões: afinal, o treinador é mesmo um contributo decisivo para a valorização de jogadores? A resposta, perante os dados também em Alvalade, pode ser: sim, mas só alguns.
Enquanto Bruno de Carvalho acabou por perder o braço-de-ferro com a Doyen, num contexto da sua contestação à intervenção dos fundos de jogadores no futebol mundial, Jesus deu seguimento ao que o caracteriza com ligeira adaptação – mantém-se a preferência por jogadores estrangeiros como reforços, mas lá admitiu, por exemplo, a entrada de Rúben Semedo e apostou de modo decisivo em Gelson Martins.
O plantel de 2015/2016, com Jorge Jesus ao comando, portou-se assim:
De uma temporada para a outra, a valorização gritante de João Mário e Slimani ficou bem expressa nos valores que renderam as suas saídas para Inter e Leicester (70 milhões), embora no caso do médio a influência do seu desempenho rumo ao título europeu da seleção nacional não possa ser esquecida. Isto significa que a influência do treinador está mais vincada em relação ao argelino do que ao internacional português.
Outro dado óbvio é que pagar seis milhões/época a Jesus implicou um investimento menor na primeira época, mas o cenário alterou-se com o dinheiro fresco do Verão passado. O investimento da SAD triplicou, à medida da ambição, mas os resultados pioraram e, perdidas duas das principais referências do plantel, Jesus pouco tem beneficiado em função dos reforços. Além do caso evidente do holandês Bas Dost que não faz esquecer Islam Slimani, mas vai sublinhando a importância como goleador, Joel Campbell é, talvez, aquele que mais próximo está do seu real valor.
Tendo gasto cerca de 10 milhões de euros na temporada transata, os sportinguistas definiram uma série de empréstimos – de Heldon a Rosell, passando por Miguel Lopes, Slavchev, Rúben Semedo ou André Geraldes. Os empréstimos de jogadores como Labyad, Tanaka ou Jonathan Silva, por seu turno, renderam algumas centenas de milhares de euros.
Perante os dados de rendimento, ou melhor, da falta dele, vale a pena perguntar para que servem jogadores como Castaignos, Meli, Petrovic, Bruno Paulista, Douglas ou Alan Ruiz.
Esta época, a multiplicação do investimento não modificou a política de cedências: se Rúben Semedo já fora recuperado, jovens como Iuri Medeiros ou Ryan Gauld permaneceram cedidos. Neste último caso até com alguma polémica à mistura, quando foi decidido retirá-lo de Setúbal, tal como a André Geraldes, após o resultado negativo dos sportinguistas para a Taça da Liga.
Bruno de Carvalho reduz plantel
Confessando a desilusão através do Facebook após a eliminação da Taça de Portugal em Chaves, o presidente do Sporting reiterou a confiança em Jorge Jesus, mas apontou à redução do plantel neste mercado de Inverno e os dados apontam para a saída de, pelo menos, sete elementos.
As saídas podem abranger nomes como Meli, Azbe Jug, Petrovic, Alan Ruiz ou Markovic, embora outros não estejam colocado de lado de integrar a lista – assim sucede com André ou Zeegelaar.
Colocado perante a falta de resultados numa época de forte investimento, Bruno de Carvalho prefere repensar os planos para a época quando esta está a meio e adota medidas que visam maior equilíbrio num contexto de agitação e numa fase delicada do calendário competitivo. Vale a pena lembrar que, nos próximos encontros, estão incluídas visitas ao Marítimo e ao FC Porto, por exemplo. As exigências não cessam, os resultados não surgem, o tempo escasseia e os adeptos exigem medidas. É isso que o presidente procura fazer.